A partir de quarta-feira, policiais militares de 11 cidades do Estado, sendo oito da Serra, trabalharão com coletes equipados com câmeras para gravar abordagens de rua. A tecnologia será usada em Gramado, Canela, Igrejinha, São Francisco de Paula, Três Coroas, Nova Petrópolis, Picada Café, Santa Maria do Herval, Cambará do Sul, Jaquirana e São José dos Ausentes.
Confira as últimas matérias do Pioneiro
De acordo com o comandante do 1º Batalhão de Policiamento de Área Turística (BPAT), tenente-coronel Glauco Alexandre Braga, cada município ficará com um equipamento e outros quatro serão utilizados para o Pelotão de Operações Especiais (POE). O projeto chamado de Testemunha Digital tem como objetivo ajudar no trabalho da Brigada Militar (BM).
- A nossa ideia é de que a câmera seja levada para todas as ocorrências. Nossa intenção é verificar denúncias de violência pessoal e, ao mesmo tempo, ver como o efetivo está empregando as técnicas de abordagens. Hoje, se recebo uma denúncia de abuso de força policial, por exemplo, é a palavra do meu policial contra a da possível vítima. Com as gravações da câmera, será possível, na maioria dos casos, saber exatamente o que ocorreu. Para o bom PM, ela será mais uma ferramenta de trabalho; para o mau, será um problema - esclarece o tenente-coronel.
A ideia do uso das câmeras pelo efetivo foi pensada pelo comando, de acordo com Braga, ainda no ano passado, mas não saiu do papel em função da falta de verba. Os 15 aparelhos custaram R$ 40 mil e foram adquiridos em parceria entre o Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias (SindTur) e da Associação de Amigos da Oktoberfest (Amifest).
- Sabíamos que não poderíamos esperar nada de dinheiro do governo para este projeto. O Estado está com problemas financeiros para resolver questões urgentes, então tínhamos certeza de que nada disso seria possível com verba pública. Não que a compra das câmeras não seja importante, é muito, mas sabemos que existem outras prioridades no orçamento - destaca o coronel.
O uso das câmeras por policiais militares é realidade nos Estados Unidos, de acordo com Braga, e também em cidades do Rio de Janeiro. Mas os equipamentos, diferente dos que serão usados no Estado, não são móveis, são fixos dentro das viaturas. O efetivo do 1º (BPAT) utilizará a câmera sobre o colete balístico, deixando as duas mãos livres para se movimentar durante as ocorrências.
- O equipamento no carro não permitiria a gravação das abordagens externas, o que não faria sentido. O policial que estiver com a câmera, que será escolhido na hora de sair para a ocorrência e não será o motorista, agirá normalmente durante a ação. Assim conseguiremos ver e ouvir tudo que aconteceu. O patrulheiro avisará, independente da situação, que está gravando. Nada será escondido. As gravações servirão para atender às solicitações judiciais também - garante Braga.
O projeto Testemunha Digital tem caráter experimental e o número de câmeras poderá ser ampliado, caso a iniciativa apresente os resultados esperados. Uma análise será realizada durante os próximos meses.
Mais controle
Desde o ano passado, o comando do 1º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (BPAT) também controla, via GPS, o roteiro feito por cada uma das viaturas. Realizado por uma empresa terceirizada, o programa foi conseguido por meio de uma parceria com o Ministério Público de Caxias do Sul.