O analista em assuntos estratégicos André Luís Woloszyn está certo de que os ataques terroristas na Bélgica são consequência direta de dois aspectos: a ausência de um controle mais efetivo no país, especialmente em relação aos imigrantes, e a vontade, por parte dos autores, de promover um gesto de intimidação e vingança.
– A Bélgica é um lugar onde há redutos terroristas, e houve a prisão do suspeito de ser o autor dos atentado em Paris (Salah Abdeslam). Claramente, fizeram uma demonstração de força – diz Woloszyn.
O país europeu é considerado foco terrorista. Trata-se, segundo os analistas, de um reduto relativamente seguro para extremistas. As armas utilizadas nos dois atentados ocorridos no ano passado em Paris tinham a Bélgica como procedência. Bruxelas fica a apenas três horas de carro de Paris.
Em novembro de 2015, depois dos ataques do segundo atentado em Paris, os órgãos de segurança se voltaram novamente para Bruxelas, em especial para o bairro muçulmano Molenbeek Saint-Jean.
Correspondente do jornal britânico The Independent, o jornalista John Lichfield disse que a Bélgica mudou de "incubadora de terroristas" para "alvo de ataques em si mesma".
Alguns elementos fazem da Bélgica um foco: por estar a três horas de carro de Paris, Bruxelas é considerada estratégica para ações que tenham por objetivo desestabilizar a Europa – ela é, aliás, a sede da União Europeia (UE), o que lhe confere algum simbolismo. Além disso, os serviços de inteligência e de segurança belgas são considerados menos rigorosos que os das demais grandes capitais europeias. Essa característica teria sido comprovada agora, com a previsibilidade de um atentado que se consumou.
Outros elementos que fazem da Bélgica um foco visto como viável: é relativamente fácil e barato comprar armas ilegalmente em seu território. Também há grupos como a "Sharia à Bélgica", que defende a interpretação literal do Alcorão como lei e tenta recrutar jovens muçulmanos locais, cujos bairros são onde há mais desemprego. Para agravar a situação, a Bélgica lidera a lista de países de onde saíram militantes do Estado Islâmico (EI).
Um ministro israelense acusou a Europa como um todo de ter ignorado o perigo de ter "células terroristas islâmicas" em seu território e preferir criticar Israel.
"Repito: muitos são os que na Europa preferiram se ocupar com a loucura de condenar Israel, etiquetar seus produtos e boicotá-los, mesmo que, diante dos narizes dos cidadãos do continente, crescessem milhares de células terroristas de extremistas islâmicos", afirmou o ministro de Ciência, Tecnologia e Espaço, Ofir Akunis, em post na sua página do Facebook.
Akunis, próximo ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, refere-se à decisão da União Europeia (UE) de etiquetar os produtos procedentes das colônias nos territórios ocupados, para distingui-los dos fabricados em Israel. A UE considera ilegal a colonização israelense nos territórios palestinos. Grande parte da direita israelense denuncia a etiquetagem como uma medida de boicote contra Israel, o que a UE nega.
Na Argentina, Após os ataques ocorridos na Bélgica, o governo informou que reforçará a segurança prevista para a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na quarta e na quinta-feira.
– Todas as forças de segurança foram postas em nível de alerta máximo em função do que acaba de acontecer na Bélgica – disse o ministro de Meios Públicos, Hernán Lombardi, à Rádio La Red ao fim de uma reunião de gabinete com o presidente Mauricio Macri.