Uma multidão no Malauí ateou fogo e matou sete pessoas suspeitas de tráfico de ossos humanos, que costumam ser utilizados em bruxaria, informou a polícia nesta quarta-feira.
As vítimas estavam "em posse de ossos humanos e a multidão decidiu queimá-las" na terça-feira com gasolina no distrito de Nsanje, no sul do Malauí, explicou à AFP um responsável policial, Kirdy Kaunga.
Segundo uma autoridade local, Tengani (seu único nome), vizinhos começaram a suspeitar dos gestos de uma das sete pessoas, que carregava uma bolsa com ossos.
"Perseguiram o homem e o detiveram", explicou Tengani à AFP. "Aparentemente ele confirmou que na bolsa havia ossos humanos e nesse momento uma multidão começou a se reunir e a queimar um por um" os sete suspeitos.
A polícia não realizou nenhuma detenção, e entregou os corpos no necrotério de um hospital local.
As forças de segurança abriram uma investigação para "determinar a origem dos ossos e se pertenciam a um albino", declarou à AFP o porta-voz da polícia regional, James Kadazera. O Malauí registra um aumento no número de assassinatos e sequestros de albinos.
"Também temos que descobrir quem queimou estas pessoas e por que fizeram justiça com as próprias mãos", acrescentou. Algumas das vítimas - disse - ficaram "completamente desfiguradas".
Desde o início dos ataques, em 2015, seis albinos morreram, segundo as autoridades do Malauí, e nove, de acordo com a ONU.
"Constantemente corpos de albinos são exumados por seus ossos", declararam as autoridades locais.
Em vários países da África subsaariana, os membros e ossos de albinos são utilizados para rituais, já que se acredita que concedem riqueza e poder.
O albinismo, uma doença genética hereditária que se traduz por uma ausência de pigmentação da pele, afeta uma em cada 1.200 pessoas no Malauí.
* AFP