Subiu para 155 o número de casos confirmados de dengue em Santa Catarina, conforme boletim epidemiológico divulgado na noite de ontem pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive). O número é 10 vezes superior ao boletim anterior, divulgado no dia 2 de fevereiro.
De acordo com o coordenador do programa de combate à dengue de Santa Catarina, João Fuck, esse aumento não significa que a doença se alastrou 10 vezes no Estado. Isso ocorreu pois havia exames represados, por conta do atraso no repasse de kits do governo federal. Na semana retrasada, o Estado comprou kits suficientes para 10 mil exames.
O salto se deu na confirmação de casos em Pinhalzinho, no Oeste do Estado. Dos 155 casos confirmados, 97 são da pequena cidade de 18 mil habitantes. A situação deixou o município em situação de alerta.
– Não foi oficialmente declarado, mas para nós é uma epidemia – afirma a coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município, Ivanete Rauber Althaus.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, para ser considerada epidemia são necessários 300 casos por 100 mil habitantes. Em Pinhalzinho, com 18 mil moradores, bastariam 57 casos. Mas segundo Fuck ainda falta confirmar se todos esses casos foram infectados pelo Aedes aegypti dentro de Pinhalzinho e se a doença está se espalhando por vários bairros.
Por enquanto, os focos estão concentrados no Centro e nos bairros Divinéia, Pioneiro e Santo Antônio. De acordo com a secretaria de Saúde de Pinhalzinho havia ainda 71 casos suspeitos – em todo o Estado são 683 aguardando o resultado dos exames. Duas biólogas da Gerência Regional de Saúde de Chapecó foram a Pinhalzinho ontem para reforçar o trabalho de mapeamento dos casos e análise da necessidade de nova aplicação de inseticida nas regiões afetadas.
Placas de alerta foram espalhadas pela cidade. A Secretaria de Obras está focada na limpeza e a Secretaria de Saúde deixou de lado alguns trabalhos de prevenção momentaneamente para se concentrar no combate ao mosquito.
Mutirão para combater os focos na cidade do Oeste
No cemitério municipal de Pinhalzinho houve um trabalho em parceria com as duas funerárias da cidade para virar vasos e recipientes. A sala de situação, reunindo órgãos de segurança e saúde, já foi criada. Nas residências onde o morador não é encontrado, as 24 agentes de saúde deixam um panfleto orientando a estar em casa no sábado, quando será feito um mutirão. Até o horário das agentes foi mudado, do período da manhã para o período de tarde e início da noite para encontrar mais gente em casa. Mesmo assim cerca de mil casas estavam fechadas nas últimas semanas.
No fim de semana, a prefeitura alugou um drone para fazer imagens dos possíveis locais de infestação do mosquito. A Defesa Civil está auxiliando em áreas de difícil acesso. Aos poucos, a população toma consciência da gravidade da situação. A dona de casa Catarina Ferreira colocou mosquiteiro no berço do neto de três meses. As mães estão preocupadas.
– O medo é geral – disse Liamar Gaumgratz, que tem uma filha de 2 anos e nove meses.
O comerciante Antônio do Santos, morador do bairro Bela Vista, resolveu auxiliar as agentes retirando lixo de um terreno baldio da vizinhança.
SITUAÇÃO EM SC (Dados de 1º de janeiro a 6 de fevereiro de 2016)
DENGUE
155 confirmados
20 infectados em SC
27 importados
108 em análise de origem
683 em investigação
CIDADES COM CASOS AUTÓCTONES (Contraídos na cidade)
Pinhalzinho: 97 (4 autóctones e 93 em investigação de local de infecção)
Itajaí: 7 (4 autóctones)
São Miguel do Oeste: 5 (3 autóctones)
Bom Jesus: 5 (3 autóctones e 2 em investigação)
Chapecó: 5 (1 autóctone)
Videira: 2 (2 autóctone)
Caibi 1: (1 autóctone)
São José do Cedro: 1 (1 autóctone)
Schroeder: 1 (1 autóctone)
ZIKA VÍRUS
5 casos confirmados em Braço do Norte (1), Brusque (1), Florianópolis (1), Ipuaçu (2). Todos importados.
30 casos suspeitos
FEBRE CHIKUNGUNYA
49 casos suspeitos e nenhum confirmado