Com lixo entre túmulos e vasos de flores cheios de água, os cemitérios públicos de Santa Maria oferecem condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti. Nesses locais, em caminhadas rápidas, podem ser encontrados os criadouros que as campanhas contra o mosquito mandam eliminar nos pátios das casas.
Nesta segunda-feira, o Diário percorreu os cemitérios Ecumênico, São José e o Jardim da Saudade. A situação é mais grave no São José, em Camobi, onde não há pessoas cuidando do lugar.
- Está horrível. As floreiras estão cheias de água, favorecendo a procriação do mosquito. Temos de cuidar dos nossos pátios, e a prefeitura tem de cuidar dos cemitérios para o bem da população - diz a professora aposentada Giselda Terezinha Farias Pahim, 61 anos, que visita o túmulo do marido, falecido em 2013, com frequência.
Além da presença dos criadouros, Giselda reclama da falta de segurança e do mato e da sujeira nos corredores. Em 2014, ela se juntou a pais que perderam os filhos no incêndio na boate Kiss e participou de um abaixo-assinado para pedir a limpeza e o zelo com o São José.
- Ninguém quer ver os seus entes queridos em um lugar cheio de lixo - diz a aposentada.
Em uma caminhada pelos corredores, é possível localizar vasos com água, coroas de flores jogados pelo chão, baldes, copos e garrafas.
No Ecumênico, também há lixo e mato invadindo a passagem dos transeuntes. Muitos vasos com água estão cimentados nos túmulos, o que impede que sejam virados. O Diário encontrou até mesmo um material que parecia ser o resto de uma piscina plástica.
- Parece que está abandonado. Para o Dia dos Finados, está sempre limpo. Mas, depois que passa essa data... - diz Celita Dias de Quevedo Filha, 28 anos, que ontem, com a irmã, Laura Quevedo, 49, visitou o túmulo do pai, falecido há três anos.
No Jardim da Saudade, no bairro Caturrita, vasos, garrafas pet, latas de refrigerante também acumulam água e tornam-se potenciais criadouros do Aedes, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Sujeira e água parada
Cemitérios de Santa Maria são pratos cheios para o Aedes
Mesmo com condições favóráveis, não há registro de focos do mosquito nos locais, diz prefeitura
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