A Brigada Militar (BM) continua à espera de uma providência emergencial para conter uma das maiores chagas da segurança pública, a carência no efetivo de policiais. A intenção é formar e nomear até 2 mil PMs temporários: jovens egressos do Exército, que acabam de cumprir o serviço militar. Eles ganhariam cerca de dois terços do salário de um soldado da BM e ficariam, no máximo, três anos no serviço, antes de serem dispensados. O governo estadual, porém, não acena com datas ou promessas nesse sentido, até o momento.
A BM tem hoje cerca de 19,1 mil policiais, quando o necessário seriam 32,4 mil (não estão incluídos na conta os números de bombeiros). Em janeiro, em entrevista a Zero Hora, o próprio governador José Ivo Sartori falou da possibilidade dos temporários.
– A intenção é cobrir funções administrativas, já que pretendemos devolver ao policiamento ostensivo policiais que hoje trabalham em atividades burocráticas – disse, em 7 de janeiro, o governador.
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A vantagem da escolha de soldados do Exército para suprir vagas na BM é que já têm treinamento físico e conhecimento de armamento, além da disciplina dos quartéis. Nesta terça-feira, o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas, disse a ZH que deseja contar com PMs temporários para guarnecer presídios e unidades da corporação. Isso permitirá a liberação de soldados de carreira para atuar no patrulhamento das ruas.
– Seria muito bom contar com os temporários para o complexo prisional de Canoas, que será inaugurado em fevereiro – pondera ele.
Já existem 200 PMs temporários atuando, há cerca de dois anos, nessas missões. O salário deles é menor que o convencional, gira em torno de R$ 2 mil, enquanto o vencimento de um soldado da BM, concursado, é cerca de R$ 3,5 mil.
São várias as diferenças, também, em relação à formação dos profissionais. O PM temporário faria um curso emergencial de 45 dias na Academia de Polícia Militar. Já um PM concursado, via de regra, faz curso de nove meses na academia.
O coronel Freitas está otimista, porque acaba de enviar à Casa Civil projeto que permite não apenas renovar os contratos dos atuais temporários, mas contratar até outros 2 mil. Resta saber se o governo terá dinheiro. A iniciativa já foi adotada pelo governo Germano Rigotto, em 2003, que abriu vaga para 1,5 mil PMs temporários. Na época, 650 acabaram contratados.
As entidades de classe da BM são contra a ideia.
– Não deu certo no governo Rigotto. A BM precisa de gente com mais formação do que 45 dias de curso. Existe pessoal que fez curso, não foi nomeado e aguarda. Usem esses – sugere Leonel Lucas, presidente Abamf, associação que representa os servidores de nível médio da BM.