O número de mortos assemelha-se ao de uma guerra. Somente em Porto Alegre, são mais de 40 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. O índice considerado "não epidêmico" pela Organização Mundial da Saúde é de dez mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.
As armas usadas cada vez mais também são as de guerra: no ano passado, em todo o Estado, foram apreendidos pela polícia 45 fuzis, um recorde. No ano anterior, haviam sido recolhidos 26, o que representa um aumento de 73%. Desde 2011, o número mais alto de apreensões era de 2013, com 37 armas.
Encomendas para armar o tráfico partiam do Central
Para o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Emerson Wendt, o recorde tem duas causas principais. A primeira delas está relacionada à sempre crescente guerra do tráfico de drogas.
Para defender seus territórios e, também, expandi-los, as quadrilhas e facções têm buscado se armar cada vez mais. Nesse contexto, fuzis, mesmo que não sejam usados com frequência, simbolizam o poder.
- É uma forma de ameaçar e amedrontar rivais. Por isso, seguidamente, criminosos aparecem ostentando esses armamentos - explica o delegado.
Reação
A segunda causa para a apreensão recorde, de acordo com o delegado Emerson Wendt, está no reconhecimento por parte da polícia de que os bandidos estão se armando para matar.
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Foram realizadas operações ao longo de 2015 que resultaram na apreensão de armas. Só pelo Denarc, foram mais de 200, e a metade delas de uso restrito, como fuzis -explicou.
Por delegacias vinculadas ao Denarc, foram apreendidos nove fuzis e cinco submetralhadoras. De acordo com o delegado, esse tipo de arma costuma ser contrabandeada e chega ao país pelas fronteiras com o Uruguai, a Argentina (essas, no Rio Grande do Sul) e do Paraguai.
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Pistolas e revólveres ainda predominam
Os ferimentos e as mortes por tiros de fuzis ainda não impactam hospitais e o Departamento Médico Legal (DML) da Capital, de acordo com médicos.
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Por meio da assessoria de comunicação, o Hospital Cristo Redentor, cujo setor de Urgência recebe boa parte dos baleados nas zonas Norte e Leste da cidade, informou que a maioria dos casos ainda são de vítimas de tiros de revólveres.
Nas necropsias realizadas no DML, os tiros de pistolas há algum tempo predominam, ao lado dos de revólveres. Mas os casos de fuzis, ainda que em porcentagem pequena, têm suas peculiaridades.
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- Muitas vezes, dificultam a identificação das vítimas, mas não a impedem - explica o perito médico-legista Oscar Carvalho de Lima Filho, diretor substituto do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que atua há 18 anos no órgão.
De acordo com o médico, os fuzis produzem ferimentos muito mais graves.
- É uma arma de defesa que impede reação do baleado. Pelo impacto, a possibilidade de reação é muito menor.
* Diário Gaúcho