Tradicional na política gaúcha e enraizada nos pequenos municípios do Interior, a família Covatti há anos desfruta de uma condição privilegiada quando o assunto é eleição e conquista de votos.
Professora de formação, Silvana é natural de Frederico Westphalen. Ela e o marido, o ex-deputado federal Vilson Covatti - investigado pela operação Lava-Jato -, são conhecidos por dominarem zonas eleitorais em todas as regiões gaúchas. A recém-empossada presidente da Assembleia é conhecida no interior por frequentar clubes de terceira idade, de mulheres e associações. De cidade em cidade, se faz presente e angaria simpatia. Se, na Capital, a relação entre políticos e eleitores costuma ser fria e distante, no interior ainda se valoriza o comparecimento, o aperto de mão, a lembrança do nome. E o atendimento de pleitos.
A relação estreita com comunidades do Interior foi responsável pela lotação da Assembleia na posse de ontem. Uma enorme mobilização trouxe caravanas de diversas cidades. Mais de mil compareceram e o Teatro Dante Barone, com capacidade para 600 espectadores, ficou tomado e dezenas assistiram de pé à solenidade por um telão.
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- Viemos porque, a cada vez que precisamos de apoio para o nosso clube da terceira idade, ela e o Vilson sempre estiveram prontos para ajudar. Para a reforma do clube, foi ela e o Vilson que conseguiram tudo. Ainda estamos em obras - contou Onofre Rampazzo, aposentado de 64 anos, que encarou 14 horas de viagem de ônibus no mesmo dia, entre ida e volta, desde Nonoai, para prestigiar a posse de Silvana.
Em 2014, quando Vilson Covatti decidiu não concorrer, transferiu votos ao filho Luis Antonio e o elegeu com folga. Uma frase do patriarca da família, em 2010, se tornou célebre na política gaúcha. Ele desejava ser candidato a vice na chapa de Yeda Crusius (PSDB), que tentava reeleição, mas a indicação se confirmou em favor de Berfran Rosado (PPS). Vilson Covatti, bravo, disse que ele, "sozinho, tinha mais votos do que todo o PPS".
- A família Covatti tem história. Somos o primeiro casal a presidir a Assembleia - valorizou Silvana, em referência ao fato de o marido ter ocupado o mesmo cargo em 2003.
No Teatro Dante Barone, acomodada em uma cadeiras, a aposentada Abrelina da Silva Cruz, 62 anos, se preparava para assistir à posse. Havia saído de casa, no interior de Canguçu, zona sul do Estado, às 5h30min. Ela viajou com mais 41 pessoas em um ônibus e recebeu uma placa de felicitação a Silvana, que deveria ser exibida durante a solenidade, distribuída por uma liderança do PP que representa a deputada em Canguçu.
- O ônibus foi gratuito, não sei se foi por conta da deputada ou do partido. O lanche foi por nossa conta - diz Abrelina, que recorda ter conhecido e passado a admirar Silvana em uma reunião do PP Mulher em sua cidade.
Ela garante que as quatro horas de viagem para chegar em Porto Alegre valeram a pena.
- Viemos brincando, falando do governo federal, da Lava-Jato, do Lula - enumerou a aposentada, que se declarou fã de excursões.