O vandalismo conseguiu acabar com o divertimento diário dos cerca de 400 frequentadores do Centro de Comunidade Vila Elizabeth (Cecove), no Bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre. Na noite de quarta-feira, durante mais uma invasão de vândalos, um dos dois filtros da piscina explodiu e alagou a casa de máquinas do Cecove. Pelo menos 330 mil litros de água jorraram, esvaziando rapidamente a piscina - que tem capacidade para 550 mil litros.
Com a explosão do filtro, o gerente-geral da Secretaria Municipal de Esportes (SME), Roberto Wagner, determinou o fechamento do Cecove na tarde desta quinta-feira. Ele afirmou que não haveria tempo hábil para contratar uma empresa, por licitação, para averiguar e consertar o problema gerado na noite anterior.
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Segundo vizinhos do local, uma explosão teria sido ouvida por volta das 23h. Naquele horário, adultos e crianças usufruiam ilegalmente da área, que fecha às 18h. Não havia sinais de arrombamento na sala de máquinas. A suspeita é que algum objeto - uma garrafa, por exemplo - tenha entrado na tubulação, impedindo a circulação da água no filtro. Como nas duas noites anteriores, o guarda noturno viu a movimentação de pessoas, mas não pode contê-las por ter sido ameaçado.
- A gente passou dois meses tentando desentupir a piscina, que ficou fechada por dois anos também por conta do vandalismo. Quando conseguimos reabri-la, aconteceu isso. Não ficou nem dez dias aberta - comentava, ontem à tarde, o professor Julio Cesar Gonçalves, responsável pelo Cecove.
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Fechamento do Centro
Na edição desta quinta-feira, o Diário Gaúcho mostrou a situação do Cecove, que vinha enfrentando invasões no período da noite, desde o início da semana. A gerência da SME pretendia reunir-se com representantes da prefeitura para discutir o fechamento do Centro.
- Não vamos tolerar mais atos como este. Gastamos para recuperá-las e incluimos funcionários para a temporada. Vou providenciar o esvaziamento total da piscina dos adultos e fechar a área. O guarda será transferido para o Cegebe (Centro de Comunidade George Black, no Bairro Medianeira) - sentenciou Roberto.
"É uma pena"
Nas piscinas do Cecove, o desânimo era visível na tarde desta quinta-feira entre funcionários e frequentadores que chegavam e eram informados do fechamento. Uma estudante de 15 anos, que pediu para não ser identificada, insistiu para que os professores voltassem a abrir a piscina. Mas acabou desistindo depois de ouvir a explicação de um técnico.
- A gente mora num lugar quente e sem praia, e espera o ano todo por esta oportunidade. Agora, vou ter que aguentar o calorão tomando banho de mangueira em casa - comentou.
Carregando duas toalhas, as carteiras do Centro e a filha Sara, sete anos, o porteiro Mauro Lopes, 36 anos, queria enfrentar os 30ºC da tarde de ontem mergulhando numa das poucas áreas de lazer do bairro.
- Ela veio, ontem (quarta-feira), com a mãe, e estava fechado. Hoje, eu tinha a esperança de encontrar aberto. É uma pena que muitos vão pagar pelos atos de uma minoria - reclamou, antes de voltar para casa com a menina, que aproveitaria o Centro pela primeira vez.
Frequentador da piscina desde a adolescência, Mauro havia confeccionado as carteiras no início desta semana e levaria a filha nas folgas do trabalho.
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Mauro e a filha na beira da piscina seca. Foto: Aline Custódio