A Justiça marcou para a próxima quarta-feira, dia 13, a primeira audiência do processo sobre o assassinato do adolescente Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, morto após ser cruelmente espancado na saída de uma festa, no dia 1º de agosto, em Charqueadas, na Região Carbonífera.
As testemunhas de acusação e de defesa devem prestar depoimentos no Fórum de Charqueadas a partir das 9h20min, dentro do processo no qual nove jovens são réus, acusados de homicídio triplamente qualificado de Ronei e três tentativas triplamente qualificadas (contra o pai de Ronei e um casal de amigos que também foram agredidos) e por formação de quadrilha.
Na mesma manhã, família e amigos do adolescente morto farão um ato para simbolizar a cobrança por justiça. De acordo com o pai da vítima, Ronei Faleiro, a manifestação será pacífica e silenciosa, e pretende promover um "abraço" ao prédio do fórum:
- Vamos fazer uma corrente em torno do Fórum, no sentido de externar o nosso sentimento e desejo de justiça.
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De acordo com Ronei, ao longo do dia os manifestantes devem manter uma vigília do outro lado da rua do fórum, para não atrapalhar o prosseguimento da audiência e a tomada de depoimentos. O ato também será uma forma de repudiar a decisão liminar que revogou a prisão preventiva de um dos nove réus. Em 18 de dezembro do ano passado, o desembargadorJayme Weingartner Neto, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), acolheu pedido de habeas corpus da defesa de Jhonata Paulino da Silva Hammes, e concedeu o benefício de prisão domiciliar mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
- (O ato) não é nenhuma pressão sobre testemunhas, advogados nem nada. É um ato bem simbólico, diante desse desdrobramento da liberação de um dos réus, pela qual ficamos todos perplexos, que a população não está contente com este tipo de manobra - declarou Ronei.
O desembargador baseou seu despacho em laudo médico atestando "que o acusado é portador de anemia falciforme, doença que exige constante acompanhamento especializado, bem como o quadro clínico piora em situações de estresse".
Em novembro, a juíza Paula Fernandes Benedet, da 1ª Vara Judicial de Charqueadas, havia negado o pedido para substituir a prisão preventiva de Jhonata por domiciliar, por entender que ele tinha condições que ser tratado no presídio.
Além de Jhonata, Alisson Barbosa Cavalheiro, Cristian Silveira Sampaio, Geovani Silva de Souza, Leonardo Macedo Cunha, Matheus Simão Alves, Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva e Volnei Pereira de Araújo, respondem pelo assassinato do adolescente. Todos seguem presos.
Em setembro, quatro dos sete adolescentes que também respondiam pelo assassinato de Ronei foram condenados pelo Juizado da Infância e Juventude da Comarca de Charqueadas - o juiz Francisco Morsch aplicou a medida socioeducativa de internação pelo prazo máximo, que é de até três anos. Dois adolescentes foram absolvidos por falta de provas, e para o sétimo rapaz contra o qual o Ministério Público ofereceu representação (que equivale à denúncia de adultos) ainda não foi proferida sentença.
Para combater a violência, família cria Instituto Ronei
Quatro meses após o crime que tirou a vida de Ronei Júnior, os pais do jovem consolidaram uma ação para transformar a dor da perda em mobilização para combater a violência entre jovens na cidade.
No dia 30 de dezembro de 2015, data em que o adolescente completaria 18 anos, foi inaugurado o Instituto Ronei Faleiro Júnior, dentro da programação de eventos organizados pela prefeitura municipal, que apoia a causa.
- Criamos o instituto, familiares e amigos do Ronei Júnior, para podermos realizar ações que visam a prevenção da violência e principalmente a valorização da vida junto a crianças e adolescentes de nossa comunidade - explica o pai do rapaz.
A prefeitura cedeu o espaço, em formato de adoção, onde irá funcionar a sede do instituto. A entidade pretende promover ciclos de palestras em escolas, abordando temas como a prevenção à violência e segurança pública.
O instituto também pretende organizar grupos de apoio, com o acompanhamento de profissionais especializados, para atender pessoas que sofreram ou sofrem os efeitos causados pela violência na comunidade.
- O instituto irá funcionar pelo formato de voluntariado. Nossa abrangência estará diretamente relacionada à mobilização da população no auxilio e desenvolvimento destas ações - explicou Ronei, acrescentando que a entidade já conta o apoio inicial de profissionais das áreas de assistência social, pedagodia, administração e direito.