O papa Francisco se considera tão pecador como os condenados a penas de prisão, revela em um livro de entrevistas, com um pronunciado tom pessoal, que chegará às livrarias na terça-feira. O papa é um homem que precisa da misericórdia de Deus, insiste Jorge Bergoglio em O nome de Deus é Misericórdia, que será lançado na terça-feira por 21 editoras em 86 países.
Na longa reflexão sobre o perdão concedido por Deus ao ser humano, tema central do Jubileu da Misericórdia iniciado em 8 de dezembro, o pontífice argentino afirma que "a Igreja condena o pecado porque deve dizer a verdade. Diz: 'Isto é um pecado'. Mas ao mesmo tempo abraça o pecador que se reconhece como tal". Francisco espera que o Jubileu permita redescobrir a igreja como uma estrutura ágil de intervenção rápida, na qual se pratica uma medicina de urgência.
Nas respostas às perguntas do vaticanista italiano Andrea Tornielli, o Papa incide mais uma vez em sua relação especial com os presos, que já visitou diversas vezes nas penitenciárias. Ele afirma que se sente unido aos condenados porque é consciente de que também é um pecador. Jorge Bergoglio revela que a cada vez que entra em uma prisão se questiona por quê eles e não eu.
Neste sentido, destaca que a vergonha é um dom. Quando se sente de verdade a misericórdia de Deus, você fica com vergonha, ao perceber que, apesar de nossa história de miséria e pecado, Ele continua nos sendo fiel, afirma o Pontífice.
Uma ideia é ressaltada: a vergonha permite que a pessoa reconheça que o que faz é um erro, com o que evita cair na tentação do corrupto que se cansa de pedir perdão e acaba acreditando que não deve pedir mais, explica.
Papa batiza 26 bebês
Neste domingo, o papa Francisco batizou 26 bebês na Capela Sistina, no Vaticano, e disse a seus pais que a fé é "a herança mais bela" que podem transmitir a seus filhos. Sob os célebres afrescos de Michelangelo, 13 meninas e 13 meninos de poucas semanas de idade foram batizados pelo Pontífice no dia em que a liturgia comemora o batismo de Jesus no rio Jordão.
Francisco pede a católicos que cultivem a justiça
A maioria do bebês, todos filhos de funcionários do Vaticano, estavam tranquilos nos braços de seus pais, mas alguns se surpreenderam ao receber água na cabeça, outros choraram e outros dormiram profundamente. Durante a homília, o papa argentino disse às mães, como faz às vezes, que poderiam amamentar seus filhos se estes tivessem fome nos transcorrer da missa.
- Se um bebê chora porque tem fome, digo à mãe: dê a ele de comer, aqui, com toda liberdade - declarou sorridente.
Pouco depois, durante o Angelus na praça São Pedro, dedicou a benção às crianças, jovens e adultos batizados há pouco tempo ou que se dispõem a fazê-lo, e pediu aos fiéis que encontrem a data de seu próprio batismo para que possam celebrá-lo dignamente.
- A herança mais bela que podem dar a seus filhos é a fé - disse Francisco aos pais.