As férias da família de Caxias do Sul, que está há três dias em Canasvieiras, dependem da melhora do estado de saúde do pequeno Lucas, de 2 anos. Os vômitos constantes fizeram com que a mãe, Luciana Zurlo, o levasse ontem à Unidade de Pronto Atendimento no norte da Ilha. Depois de três temporadas consecutivas na região, Luciana cogita a volta antecipada neste ano. Nas areias de Canasvieiras, relatos de quadros de virose também são comuns. A empresária argentina Suzana Gorga é taxativa:
- Se eu voltar ano que vem não será para Canasvieiras.
Os motivos são a poluição da água e os sintomas da virose que acometeu a turista e diversos conhecidos. Porém, alguns visitantes parecem não se incomodar com a doença. Em um grupo de 20 turistas argentinos, só três escaparam das manchas na pele, diarreia e até febre. Apesar dos contratempos, garantiram que voltariam ao balneário.
Desde quinta-feira, a Secretaria de Saúde de Florianópolis começou a coleta de dados físicos dos casos. A expectativa é que os resultados, assim como o número de casos, sejam divulgados na segunda-feira, afirma a gerente de Vigilância Epidemiológica do município, Ana Cristina Vidor.
Em nota, a Vigilância Epidemiológica de SC afirma que durante a temporada de verão é comum o aumento do número de casos de diarreia devido a diversos fatores, que incluem consumo de alimentos contaminados, aumento do número de pessoas e banhos em áreas impróprias.
A Secretaria de Saúde, também em nota, orienta a seguir as informações da Fatma quanto aos pontos de balneabilidade, evitando os locais impróprios para banho, já que "ainda não há respostas para os casos".
- É uma situação atípica e por isso estamos em processo de investigação. A poluição do rio Braz pode ser uma das causas, mas há diversas outras. Há muita coisa ao mesmo tempo, vamos ver o que acontece com a maioria - diz a gerente de Vigilância Epidemiológica de Florianópolis.
Sem definir uma causa única para tantos casos de virose, o médico infectologista do Hospital Regional de São José Gustavo de Araújo Pinto ressalta que fatores como saneamento deficiente e clima influenciam o quadro:
- Esgoto sendo despejado diretamente no mar representa vírus e bactérias. Mais pessoas na região significa mais esgoto sendo eliminado e mais pessoas expostas aos micro-organismos - defende o médico, que também é professor de doenças infecciosas na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).
O especialista afirma que no verão, calor e umidade aumentam a proliferação de micro-organismos, por isso é importante tomar cuidado com a qualidade da água.
Características da virose
Sintomas: Forma abrupta de vômito, diarreia e febre alta. Eventualmente, náuseas e dor abdominal.
Período de encubação: Em média dois dias.
Transmissão: Mãos contaminadas é o meio mais importante da transmissão, que também pode ocorrer por água, alimentos e objetos contaminados.
Como evitar:
- Lavar bem os alimentos e conservá-los adequadamente e na temperatura ideal
- Lavar sempre as mãos antes e depois de: utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos
- Administrar a vacina contra rotavírus (VORH) em crianças menores de seis meses
- Ao viajar, redobrar os cuidados
Depois da contaminação:
- Tomar bastante água de qualidade.
- Tomar soro caseiro (mistura de uma pitada de sal, uma colher de açúcar e um litro de água).
- Se sintomas persistirem, procurar médico.
Fonte: Ministério da Saúde e infectologista Gustavo de Araújo Pinto