Um homem foi morto nesta quinta-feira pela polícia depois de tentar invadir uma delegacia de Paris e agredir com uma faca um policial, no dia em que completa um ano a chacina jihadista contra a revista Charlie Hebdo.
O homem também tinha um cinturão de explosivos, que acabou se revelando falso. Ele levava debaixo do casaco uma pequena bolsa de onde saía um cabo, mas o dispositivo não continha explosivos, segundo as fontes. O homem tentou agredir um policial aos gritos de "Alá Akbar" ("Alá é grande") na delegacia localizada em um bairro multiétnico do norte da capital.
– O homem tentou agredir o policial na recepção da delegacia, antes de ser alcançado por disparos de resposta dos demais policiais. Os especialistas em bomba estão no local e trabalham para garantir a segurança – indicou o porta-voz do ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet.
Os policiais ordenaram aos pedestres que se refugiassem em uma loja da rua, cuja porta de ferro foi baixada. As crianças foram levadas para uma pré-escola nas proximidades e que teve o acesso fechado. A circulação foi interrompida em uma avenida próxima, para permitir o acesso de ambulâncias.
O ataque ocorreu logo depois de o presidente francês, François Hollande, exigir uma "coordenação perfeita" entre os serviços de segurança do país na luta contra o terrorismo. A declaração foi feita durante cerimônia que marca o primeiro aniversário do Charlie Hebdo.
– Face a esses adversários, é essencial que todos os serviços – polícia, serviços informações e militares – trabalhem em perfeita cooperação, com a maior transparência, e que partilhem toda a informação de que dispõem. O terrorismo não deixou de representar uma ameaça considerável ao nosso país. Estamos agora perante combatentes experientes – destacou o presidente, citando principalmente os jihadistas formados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O aniversário dos atentados de 7 de janeiro de 2015 em Paris reacendeu, nos últimos dias, dúvidas sobre falhas nos serviços de segurança e na prevenção de ataques terroristas. Apesar de serem conhecidos das autoridades pela sua radicalização, os três jihadistas franceses autores dos ataques contra a redação do Charlie Hebdo, contra a polícia e contra um supermercado judeu, conseguiram concretizar seus planos.
A viúva de um agente da polícia responsável pela proteção do diretor do jornal satírico, Charb – que foi morto com o cartunista no ataque –, apresentou queixa há dias citando essas "falhas" e alegando que o marido "foi sacrificado".
Dúvidas semelhantes surgiram após os atentados de 13 de novembro na capital francesa, que deixaram 130 mortos, uma vez que vários dos autores dos ataques, conhecidos das autoridades, conseguiram viajar para a Síria e regressar sem serem detectados.
Estado Islâmico
O agressor que tentou atacar a delegacia em Paris levava consigo um papel com a bandeira do grupo jihadista Estado Islâmico e uma reivindicação em árabe, indicou o procurador.
"Em vista desses elementos, a seção antiterrorista da procuradoria de paris foi encarregada da investigação", afirmou François Molins em um comunicado.
O agressor ainda não teve a identidade revelada.
*AFP