As tradicionais feiras ecológica e de artesanato que se estendem pela Avenida José Bonifácio, junto ao Parque da Redenção, na Capital, amanheceram mais tristes neste sábado. O temporal que desabou sobre Porto Alegre na noite de sexta-feira danificou pelo menos 30 barracas no local, a maioria devido à queda de árvores e de galhos.
Um dos responsáveis por montar e desmontar as estruturas da feira orgânica há 20 anos, Aroldo Bonetti, 61 anos, testemunhou a força da tempestade. Ele conta ter iniciado a montagem às 20h de sexta-feira. Por volta das 22h, o tempo fechou. Por pouco, não se feriu.
– Nunca vi algo assim. Não deu tempo para fazer nada. Fui para dentro do ônibus onde guardamos as barracas, e ele chegou a balançar. Uma barraca voou e bateu na lateral do veículo. Quebrou um dos vidros – relatou Bonetti na manhã deste sábado.
A artesã Silvia Lucena, de Taquara, chegou cedo para trabalhar. Levou um susto, já que no município onde mora não houve problemas com a tempestade de sexta-feira.
– Dá vontade de chorar. Nunca tinha visto nada assim na Redenção – disse Silvia.
Perto dali, dois feirantes conversavam, tentando definir o fenômeno responsável por tantos estragos.
– Foi vento, né? – comentou um deles.
– Vento? Foi um tufão! – respondeu o artesão Douglas Menezes.
As barracas que não foram afetadas receberam os feirantes com seus produtos e os consumidores desviavam dos galhos para fazer suas compras. Mas, dessa vez, o assunto preponderante não era a qualidade do tomate ou da alface. Todos tinham uma história para contar sobre a tempestade que se abateu sobre Porto Alegre. O cenário de devastação se repetiu dentro da Redenção, com praticamente todos os caminhos obstruídos por galhos, algumas delas com raiz e tudo. Na parte próxima à Avenida João Pessoa, grandes árvores ficaram retorcidas com a força do vento.