Além da dor compartilhada pelos familiares, o sentimento de revolta era o que mais prevalecia entre o grupo que fez a vigília na madrugada de quarta-feira. A vontade de que a justiça seja feita e a preocupação com a demora dos processos nas diferentes esferas do Judiciário indigna os familiares. Para a dona de casa Jandira Ávila Santos, 57 anos, o apoio da Justiça deu forças a ela no começo dos acontecimentos, quando ela perdeu o filho Éricson Ávila dos Santos:
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- No começo, eu tentava me reerguer com o apoio das leis, me amparava nisso. Mas quanto mais o tempo passa, apesar da dor ser a mesma, mais a gente vê as injustiças. É uma chicotada a mais na gente. Passa o ano e isso nos maltrata ainda mais, porque a gente não vê uma solução. A nossa maior expectativa é que se dê andamento aos processos.
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Para a dona de casa Isabel dos Santos Rodrigues, 42, o nascimento da filha Luanne Rafaelle, um ano e quatro meses, foi um presente depois da perda da filha mais velha, Maria Mariana. Com Luanne e outros três filhos, Isabel encontra forças para seguir em frente:
- Esse ano está sendo mais difícil, porque antes eu tinha a impressão de que ela ia voltar. É uma dor todos os dias, que só é amenizada pelos meus filhos. A justiça que eu quero, eu sei que eu não vou ver, que é os responsáveis apodrecerem na cadeia. Eles estão libertos, e nós é que somos prisioneiros da nossa dor.
Neste ano, a adesão às homenagens foi menor. Cerca de 60 pessoas permaneceram na vigília. O pequeno número de pessoas surpreendeu as amigas Sandra de Souza Abelin, 55, e Ana Jusselma Rangel, 61, que, mesmo não tendo perdido ninguém na tragédia, fizeram questão de se solidarizar.
- O que mais me espanta é Santa Maria inteira não estar aqui. Esse jovens não podem ter morrido em vão, nem esses pais podem sofrer sozinhos. Nossos filhos não estavam na festa, mas sou santa-mariense e essa é uma ferida minha também. Será que isso não toca o coração das pessoas? - questiona Sandra.