A presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal equatoriano "El Comercio", que o Brasil não foi omisso em relação às últimas eleições parlamentares na Venezuela, quando a oposição ao presidente Nicolás Maduro conquistou a maioria dos assentos na Assembleia Nacional. Na entrevista por e-mail, publicada no último domingo, ela repetiu discurso de nota lançada pelo Itamaraty no início deste ano, em que o governo brasileiro prega o respeito ao resultado do pleito no país vizinho.
Dilma afirmou que "ocorreu tudo, menos silêncio" por parte do Brasil em relação à Venezuela. Ela ressaltou que o governo brasileiro acompanhou, individualmente ou em conjunto com outros membros da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), "atentamente" os acontecimentos no país vizinho, a fim de contribuir para o diálogo e busca de soluções. Segundo ela, o Brasil sempre pautou suas ações pelo princípio da "não-intervenção" e pleno respeito às autoridades e ao povo da Venezuela.
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A presidente brasileira destacou que a apuração das eleições venezuelanas foi certificada pela própria Unasul, que enviou missão eleitoral ao país, e que os resultados foram "prontamente reconhecidos" por todas as forças políticas venezuelanas.
"Com a instalação da nova Assembleia Nacional venezuelana, temos a expectativa de que todos os atores políticos na Venezuela mantenham e aperfeiçoem o diálogo e a boa convivência, que devem ser a marca por excelência das sociedades democráticas", afirmou.
Logo após a eleição, contudo, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) impugnou os resultados das urnas no Estado de Amazonas, sob alegação de compra de votos. Mesmo com a decisão, três deputados opositores assumiram suas funções. Sem os três, a oposição perderia a supermaioria conquistada nas urnas.
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"Não há lugar, nesta América do Sul do século XXI, para soluções políticas fora das institucionalidade e absoluto respeito a democracia e ao Estado de direito", afirmou Dilma na entrevista.
Outros assuntos
Alvo da discussão de um processo de impeachment na Câmara, Dilma também voltou a defender seu mandato. Na entrevista ao jornal equatoriano, disse que "não é aceitável, em uma sociedade democrática e participativa tirar um presidente apenas por divergência política, sem respaldo jurídico". Ela também reafirmou os compromissos do governo brasileiro em retomar o equilíbrio fiscal, reduzir a inflação e recuperar a confiança dos investidores. Ela afirmou ainda que, mesmo no cenário de ajuste, seu governo manterá os programas sociais.
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Dilma viajará na terça-feira ao Equador, onde participará da reunião da a IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O encontro acontece em Quito, capital do país. Como mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na semana passada, a presidente deverá reforçar, no evento, a disposição do Brasil de integrar a missão de observadores internacionais encarregada de verificar o cumprimento do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
*Estadão Conteúdo