Cinco taxistas foram indiciados pela Polícia Civil por participação na morte do ambulante Geovani Pereira de Melo, de 35 anos, após discussão de trânsito e perseguição, há uma semana, em Porto Alegre. Três deles responderão por homicídio triplamente qualificado, pois estão diretamente envolvidos no crime, outro por calúnia, que é considerado o pivô do caso, e o último por exercício arbitrário das próprias razões.
Nesta sexta-feira, a 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (6ª DHPP), responsável pelas investigações, prendeu mais dois taxistas: Thomas Benfatto Bier, 28 anos, autor do disparo, e Dionata dos Santos Abbade, 24 anos. Thomas se entregou e Dionata foi encontrado em casa, no bairro Hípica, na Capital. Os dois foram encaminhados ao Presídio Central. Dos cinco envolvidos, apenas um segue foragido. Conhecido como Gão, Jonatha da Silva Garbini, 25 anos, participou da perseguição e seria o dono da arma utilizada no crime. Estes são os três taxistas indiciados por homicídio triplamente qualificado.
Polícia procura taxista que teria executado vendedor na Capital
Polícia procura três taxistas suspeitos de participação na morte de ambulante
Preso desde o último domingo, o homem que motivou o início da perseguição, de 24 anos, não teve o nome divulgado pela polícia e responderá por calúnia. De acordo com a delegada Elisa Ferreira de Souza, responsável pelo caso, ele teria mentido ao dizer que o ambulante estava armado quando pediu ajuda aos outros taxistas. No entanto, segundo a delegada, a tendência é de que ele seja solto nos próximos dias, já que discutiu com o ambulante, mas não fez parte do comboio que terminou no assassinato de Melo.
O quinto envolvido no crime foi descoberto durante as investigações. A identificação dele também foi preservada pela polícia. Conforme a delegada, o homem teria ido ao local do crime com o próprio táxi, junto com os outros três indiciados por homicídio, mas não teria se aproximado da vítima. Ele responderá em liberdade por exercício arbitrário das próprias razões, crime previsto para quem faz justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão legítima ou que considere legítima.
O crime
A sequência de fatos que resultou na morte do vendedor ambulante Geovani Pereira de Melo, de 35 anos, teve início depois das 4h. Ele deixava uma casa noturna na Rua Marechal Floriano, no Centro, com uma jovem de 14 anos, dirigindo uma Pajero ano 1997 em baixa velocidade.
Logo atrás, seguia o taxista preso no domingo. Ele levava duas passageiras para o Centro e começou a buzinar, incomodado com Melo, que estaria trancando a passagem. Os dois discutiram e, segundo a polícia, o ambulante passou a seguir o taxista, que, assustado, pediu socorro a colegas pelo rádio.
Imagens de câmeras de vigilância no cruzamento da Avenida Salgado Filho com a Borges de Medeiros mostram sete táxis cercando a Pajero, às 4h25min. Em seguida, uma das câmeras registra Melo entrando pela contramão na Rua Andrade Neves.
Outra câmera, sobre o Viaduto dos Açorianos, às 4h28min, grava a Pajero seguida por cinco táxis. Durante o trajeto até o Morro Santa Tereza, os carros chocaram-se várias vezes. Melo tentou se esconder perto de casa, ao tentar entrar em um beco no final da Rua Ildefonso Pinto, mas foi interceptado, agredido a socos e ferido com dois tiros. A Pajero desceu cerca de 10 metros pelo beco e parou ao bater em uma cerca.
Os suspeitos indiciados
Dionata dos Santos Abbade, 24 anos:
Teria participado da perseguição. Em abril de 2011, foi preso em flagrante dirigindo uma moto roubada. Ficou um dia preso e responde a processo por receptação em liberdade.
Thomas Benfatto Bier, 28 anos:
Seria o motorista do táxi com amassados na lataria e manchas de tinta preta da Pajero da vítima. É apontado por testemunhas como o homem que matou o ambulante com dois tiros de revólver. Fugiu para Santa Catarina. Não tem antecedentes criminais. Seria dependente de drogas.
Jonatha da Silva Garbini, o Gão, 25 anos:
Teria participado da perseguição e seria o dono da arma utilizada no crime. No final de 2010, ficou 35 dias preso no Presídio Central de Porto Alegre por suspeita de venda de cocaína no bairro Cidade Baixa. Em janeiro de 2011, foi absolvido pela Justiça. Em 2015, teve contra si um registro de posse de entorpecente.
Taxista, 24 anos (o nome não foi divulgado pela polícia):
Está preso preventivamente desde domingo. Dirigia um Prisma e admitiu que discutiu com a vítima e depois passou a ser seguido por ela. Pediu socorro a colegas taxistas, que iniciaram uma perseguição no Centro até o Morro Santa Tereza. Afirma que não fez parte do comboio e nega participação no crime. Tem registro policial contra si por injúria e responde a um processo judicial aberto em junho de 2015 por violência doméstica na Capital.
Quinto taxista (nome e idade preservados)
Participou da perseguição e chegou a subir até o Morro Santa Tereza, segundo a polícia. No entanto, ele não teria se aproximado da vítima no momento do crime.
*Zero Hora