O novo ministro do Planejamento recebeu o convite para o cargo como uma missão. Auditor da Receita Federal e ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão assume posto estratégico na equipe econômica com metas bem claras. Seguir no ajuste fiscal, retomar o crescimento e acelerar o programa de concessões.
Ao substituir Nelson Barbosa, que herdou a vaga de Joaquim Levy na Fazenda, Simão seguirá o mesmo caminho que o o antecessor percorria. A diferença é que Simão é mais técnico e focado na gestão. Formado em Direito, natural de Birigui, no interior de São Paulo, o ministro do Planejamento tem 55 anos e gosta de pescar. Os últimos dias foram de reuniões com Barbosa e o restante da equipe para definir estratégia de chegada na pasta.
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Logo depois da posse, ele recebeu a equipe da Zero Hora para uma entrevista exclusiva. A seguir, os principais trechos:
Como lidar com um orçamento apertado para 2016?
A prioridade é encerrar 2015, pois temos de cumprir a meta ajustada da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Para 2016 há uma meta de 0,5% do PIB e temos de persegui-la. Temos duas alternativas, buscar mais receita ou redução de despesas.
Como será essa redução de despesa?
A redução se dá com ganho de eficiência nos programas e ações do governo, com uma máquina mais ajustada, menos despesas discricionárias. Isso não será suficiente, então, temos de avançar nas reformas fiscais e nas áreas obrigatórias, em especial na área previdenciária. No âmbito da receita, vamos buscar acelerar o processo de concessões. A aprovação da CPMF é uma prioridade para que possamos atingir a meta de 2016.
O senhor vai conduzir a reforma administrativa, que prometeu uma redução de gastos na máquina do governo. Quando será possível ver resultados da reforma?
Já fizemos muita coisa, vários órgãos tiveram sua estrutura ajustada, com redução de ministérios. Vamos avançar para os cargos em comissão. A reforma precisa ser feita para que a máquina tenha mais capacidade de coordenação, ganho de produtividade e melhoria das políticas. Quando você funde estruturas, precisa cuidar das rotinas e dos processos de trabalho, para garantir que haja produvidade.
O senhor fala em acelerar o programa de concessões. O que é possível acelerar?
Não vamos queimar etapas obrigatórias da governança do projeto, mas temos de fazer isso sem perder tempo. É uma prioridade e temos de gerenciar essa agenda das concessões na ponta do dedo para que não percamos nenhum dia com atraso. Queremos fazer os primeiros leilões ainda no primeiro semestre de 2016.
O senhor teme que a ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff possa afastar os investidores estrangeiros das concessões? Não é um cenário confortável para investir.
O Brasil é um país de interesse dos investidores. Temos um mercado muito amplo, uma economia diversificada. É claro que queremos que o ambiente político se estabilize, pois isso colabora para um ambiente econômico mais tranquilo. Esperamos que essa agenda (do impeachment) seja superada.
Novos projetos podem ser incluídos nas concessões? O governo do Rio Grande do Sul tem interesse em conceder mais estradas.
Temos alguns projetos em andamento, vou me debruçar sobre todos, ver quais estão maduros e com a qualidade necessária para que possamos ter um resultado rápido.
O mercado não reagiu bem à troca no Ministério da Fazenda. Como fazer para que o mercado confie na nova equipe econômica?
A equipe econômica tem objetivo de continuar o processo de ajuste fiscal e de buscar a retomada do crescimento. É com essa agenda que a equipe vai trabalhar de forma integrada.
O Planejamento é o xerife do PAC. Como destravar o programa com um caixa apertado?
Há muitos projetos em andamentos, vamos verificar a situação de cada um. Vamos perseguir essas obras, o investimento é qualificado.
A presidente Dilma lhe pediu algo em especial?
Trabalhar muito, dia e noite, para que possamos fazer rapidamente o ajuste e para que possamos retomar o crescimento.
*Zero Hora