Delegados mostram foto de Luís Paulo Foto: Caetanno Freitas / Agência RBS
O roubo de um carro avaliado em R$ 30 mil causou o assassinato da estudante Dóris Terra Silva, em São Francisco de Paula, no último domingo. Depois de a Polícia Civil identificar um suspeito, a Justiça decretou, nesta madrugada, a prisão preventiva do homem: um usuário de drogas, morador do município serrano, mas que costuma cometer roubos na Região Metropolitana. Ele foi identificado como Luís Paulo da Silva Nunes, de 31 anos, que teria família em Canoas.
Desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira, policiais fazem buscas nas cidades de Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul. Pelo menos nove endereços de parentes foram visitados pelos agentes. No entanto, ele ainda não foi localizado. Familiares serão conduzidos para prestar depoimento e fornecer material genético a ser confrontado com o DNA do investigado (a perícia localizou pelos do procurado no veículo da vítima).
A jovem de 21 anos havia desaparecido no começo da tarde de domingo, em São Francisco de Paula, onde costumava passar os finais de semana com a família. Ela disse que estava com dor de cabeça e que iria a uma farmácia no centro da cidade. Dóris ainda passou em um brechó para deixar roupas e em um mercado. Depois, não foi mais vista.
Horas depois, o carro e o celular da estudante foram encontrados em Canoas por meio do sistema de georreferenciamento do aparelho telefônico. Às 23h, o corpo da vítima foi localizado em um matagal às margens da ERS-020, em São Francisco de Paula, em um ponto usado por criminosos para se livrar de vítimas e cometer estupros.
Foi o depoimento de uma testemunha próxima ao suspeito que levou a polícia a identificar Luís Paulo. O investigado teria dito que iria "fazer um dinheiro para o Natal e o Ano-Novo" na Região Metropolitana. Ou seja, segundo a polícia, planejava cometer assaltos.
Estudante foi velada em São Francisco de Paula
Para se deslocar, o homem roubou um veículo no centro da cidade onde morava: o Toyota Corolla 2007, de cor preta, que pertencia a Dóris. Ainda não se sabe, porém, o que motivou a morte da estudante, já que a polícia não acredita que o assassinato tenha sido premeditado. A hipótese mais provável é latrocínio, mas também está sendo apurado um possível crime passional.
Não foi encontrado sangue dentro do veículo. A universitária tinha marcas de facadas na região do peito e do abdômen, machucados nas mãos (que indicariam uma tentativa de reagir) e nenhum sinal de violência sexual.
A polícia encontrou uma faca próximo ao corpo da estudante, e o instrumento foi reconhecido pela testemunha que auxiliou na identificação do suspeito. Outro indício da participação do homem são registros de câmeras de segurança em Canoas. Há imagens do Corolla estacionado nas proximidades da Rua Guilherme Schell, no bairro Rio Branco, e um vídeo do investigado caminhando na calçada um minuto depois de o veículo parar. Ele atravessou a passarela da Estação Niterói e se deslocou para o bairro Niterói, onde teria familiares. Nessas imagens, o homem também foi reconhecido pela testemunha.
Luís Paulo tem passagens por desacato e porte de drogas. Conforme o depoimento da testemunha, ele estaria sob efeito de crack no momento do crime. Pelas circunstâncias do assassinato, a Polícia Civil não descarta a participação de uma segunda pessoa, apesar de admitir que as evidências levam a crer que o suspeito tenha agido sozinho.
Filha do ex-prefeito de São Francisco de Paula e atual subsecretário do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, Sérgio Bandoca Foscarini da Silva, Dóris cursava o oitavo semestre da faculdade de Direito da PUCRS e era estagiária de um escritório de advocacia na Capital, onde morava com a família.
* Zero Hora