
Michel Temer ficará frio. Não vai apoiar nem rechaçar o impeachment de Dilma Rousseff. Falará somente o necessário e de forma protocolar.
Os cargos de Temer lhe permitem a atuação enigmática. Ao mesmo tempo em que preside o PMDB (uma federação de grupos regionais), é o vice-presidente da República, beneficiário do cargo de Dilma em caso de afastamento por 180 dias.
As versões sobre as reações de Michel, como os amigos o chamam, divergem. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) o avisou por telefone da decisão de dar andamento ao processo de afastamento. No governo há quem diga que o vice demonstrou apoio ao mandato conquistado por Dilma nas urnas.
Na oposição, a impressão é de que, enquanto aguarda o desfecho do processo de impeachment, Temer deixa seus aliados costurarem o apoio para um eventual governo. As reuniões do Palácio do Jaburu continuarão em ritmo intenso, em contraponto às manifestações públicas do peemedebista. Ele tenta driblar o rótulo de oportunista, quer passar a imagem do estadista que age feito bombeiro durante o incêndio da crise.
Empresários, juristas e lideranças políticas procuraram Temer ao longo de 2015. Acreditam que ela possa fazer um governo à Itamar Franco. O documento Uma Ponte Para o Futuro, que já indica a ruptura entre PMDB e PT, conquistou a simpatia dos empresários e de muitos parlamentares.
Voltar a ocupar a principal cadeira do Palácio do Planalto, o que não ocorre desde o distante governo José Sarney (1985-1990), é o desejo do PMDB, que discutia datas até Eduardo Cunha dar o canetaço que cria a comissão especial do impeachment.
Cláudia Laitano: com a faca nos dentes
Processo de impeachment é ápice de relação conturbada de Cunha com o PT
Dentro do partido, há correntes que pregavam 2018 como o momento ideal para assumir o país. Outras alas defendiam o afastamento imediato da presidente. Falta saber qual posição prevalecerá, qual será o comportamento do PMDB na comissão especial. É o maior partido da Câmara, terá o maior número de membros no colegiado.
Entenda as etapas do impeachment abaixo: