O parcelamento do 13º salário já é uma realidade, mas a grande preocupação dos servidores da área da segurança pública é com os vencimentos mensais. Se isso ocorrer de novo, o governo estadual pode contar com confusão certa. Isso porque os servidores dessa área, talvez a mais sensível no aparato estatal, prometem ação conjunta. O primeiro passo foi o jornal A Sirene, criado em conjunto pelas entidades sindicais de bombeiros, PMs, policiais civis, agentes penitenciários e peritos criminalísticos.
Folhear a edição é deparar com um inventário da penúria da segurança pública do Rio Grande do Sul, comum a todos os setores. Alguns dados disponibilizados pelos servidores:
1) Existe um agente penitenciário para cada 12,2 presos no RS. Deveria ser, no mínimo, um agente para cinco presos. Grande parte das audiências judiciais de apenados é cancelada por falta de servidores para transportá-los. A falta de pessoal é a principal razão para não inaugurar quatro presídios em Canoas (um deles pronto, os outros encaminhados).
2) A falta de vagas nos presídios se reflete nas delegacias, que começam a acumular presos - algo que não acontecia no RS desde início da década de 80. Nas delegacias, os presos ficam sem banho e sem visitas, com facções misturadas, um convite a sangrentos acertos de conta.
3) Nos bombeiros, são apenas 2.3 mil para todo o Estado. Enquanto isso, 571 aprovados em concurso aguardam nomeação. A falta de pessoal faz com que um alvará para liberar funcionamento de empresa, pós-vistoria, demore até três meses.
4) Por falta de servidores, o Instituto-Geral de Perícias pode fechar 10 postos de atendimento no Interior. Hoje, são 700 peritos no RS, quando deveriam ser 1,2 mil.
A realidade é que a segurança pública enfrenta problemas estruturais que vão muito além do salário.
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