O ex-sócio da boate Kiss Elissandro Spohr - conhecido como Kiko - fala nesta terça-feira (1º) à Justiça no Fórum de Santa Maria, com cerca de 150 pessoas presentes. Ele é o terceiro dos quatro réus do processo criminal a ser interrogado.
Ao juiz Ulysses Louzada, Kiko disse que não sabia que a banda Gurizada Fandangueira (que se apresentava na boate na noite do incêndio) fazia shows pirotécnicos (com fogos), e afirmou que nunca viu shows desse tipo na Kiss ou em outra boate em Santa Maria.
Ele também afirmou ao juiz Louzada que mais pessoas deveriam ser acusadas, e pediu acareações no processo.
“Membros da prefeitura deveriam estar aqui comigo hoje, inclusive o prefeito Cezar Schirmer. Eu posso até ter culpa, mas não sou assassino. Todo mundo deu ok para que a casa pudesse funcionar. Ninguém (incluindo membros da banda) quis matar ninguém”, afirmou.
Kiko ainda afirmou que é “impossível” que mais de mil pessoas estivessem na boate na noite do incêndio, contradizendo os diversos depoimentos de pessoas que estavam na casa. Ainda segundo ele, a boate tinha fiscalização da prefeitura, do Ministério Público e dos Bombeiros.
Sobre a estrutura da casa, o réu disse que foram apenas duas alterações estruturais, com projetos, e que todas tinham fiscalização de órgãos públicos.
“A Kiss tinha diversas luzes de emergência. Se você desligasse as luzes, a boate continuava clara”, afirmou, apesar de relatos de que as luzes permaneceram apagadas depois do início do incêndio em 27 de janeiro de 2013. Ele disse ainda que as supostas grades que teriam impedido a saída das pessoas da boate sempre existiram, e eram usadas para organização das filas.
Quando perguntado pelo juiz sobre o que faria se pudesse voltar no tempo, afirmou que nunca teria comprado a boate. Spohr disse ainda que, na visão dele, se os bombeiros tivessem mais equipamentos, poderiam ter ajudado a salvar mais gente.
Para completar a fase de interrogatórios, outro ex-sócio da boate, Mauro Hoffmann, ainda precisa ser interrogado, o que acontece na próxima quinta-feira (3), em Porto Alegre. Outros dois réus, membros da banda, também já foram ouvidos.
Eles são acusados de 242 homicídio e de 636 tentativas de homicídio. Depois disso, o juiz Ulysses Louzada vai decidir como será o julgamento dos réus - se serão ou não julgados em tribunal popular.