O deputado Mário Jardel (PSD) pode ser alvo de nova investigação na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa.
A bancada do PC do B, apoiada por deputados do PT e do PSOL, apresentou na manhã desta segunda-feira novas suspeitas envolvendo o parlamentar, que é investigado na Operação Gol Contra, do Ministério Público: de que ele teria trocado por cargos no Executivo votos favoráveis a interesses do governo.
A deputada Manuela D'Ávila deve protocolar o pedido de nova apuração ainda nesta segunda-feira. Deputados de oposição sustentaram que, por conta de suspeitas envolvendo o voto de Jardel, a sessão para votação de projetos do governo devia ser suspensa. Também cogitaram propor uma CPI para apurar o caso.
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O presidente da Comissão de Ética, o deputado Juliano Roso, disse que ao analisar documentos da investigação do MP e transcrições de escutas autorizadas pela Justiça (um documento de 1,3 mil páginas) encontrou indícios de negociação de voto por Jardel.
- O MP atesta que em tese existiu negociação do deputado Jardel com o governo do Estado do recebimento de cargos da parte dele, totalizando 10 cargos, para que votasse a favor de projetos do governo. Em especial, aparece a votação para a redução das RPVs. Num dos diálogos aparece a informação de que uma das pessoas não precisaria trabalhar, só aparecer de vez em quando. É o MP que está dizendo - ressaltou Roso.
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Segundo Roso, o principal indício é a conversa entre dois assessores de Jardel à época. Os interlocutores falariam da conquista de 10 cargos no caso de Jardel votar a favor do governo, e teriam citado como envolvido na negociação um graduado funcionário da Casa Civil. O projeto em questão seria o da redução dos valores das RPVs. O diálogo foi gravado pelo MP com autorização judicial durante as apurações da Operação Gol Contra.
Na avaliação do Ministério Público, no entanto, o diálogo em questão não indicaria irregularidades.
- Compartilhamos com a Comissão de Ética da Assembleia os dados da investigação para fins de análise de cassação do mandato do deputado Jardel. Encaminhamos porque não havia mais sigilo. Nossa investigação ainda não está concluída. Mas quanto ao diálogo em questão, para nós não transparece se tratar de troca de voto por cargos. Eles (assessores) comentam já terem nomeações no governo, o que para nós é natural por ser o deputado da base do governo, do partido do vice-governador. Conversam que o cara (deputado) já pediu cargos (no Executivo) e continua querendo mais e que nem apareceu para votar - afirmou Marcelo Dornelles, procurador-geral do MP.
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O deputado Pedro Ruas (PSOL) lembrou durante a entrevista coletiva da manhã que uma das principais testemunhas contra Jardel, o ex-assessor Walmir Yemi Martins, também falou de negociação de voto (desta vez seria para o projeto do ICMS) ao depor para o corregedor do parlamento, deputado Marlon Santos (PDT).
- A testemunha disse que ouviu falar que isso teria ocorrido - minimizou o corregedor.
À tarde, a comissão apresentou o vídeo com gravação do depoimento da testemunha à imprensa. Na semana passada, o corregedor da Assembleia recomendou à Comissão de Ética a cassação de Jardel por falta de decoro parlamentar.
Ao falar na tribuna nesta segunda-feira, Jardel ocupou o espaço para comentar as novas suspeitas. Disse que é vítima de acusações mentirosas e que sempre votou com sua consciência. Sobre a suspeita de ter trocado voto por cargos, afirmou ser o maior interessado no esclarecimento.