As cheias em rios e arroios do Estado ainda deixam, no fim da tarde deste domingo, quase 2 mil famílias gaúchas fora de casa, em 12 municípios. Enquanto os primeiros moradores de Quaraí carregaram os poucos pertences que lhe restaram dos abrigos para casa, outros atingidos, em Uruguaiana, tiveram de deixar suas residências.
A previsão do tempo não traz notícias animadoras. Embora a segunda-feira deva ser ensolarada, deve vir mais chuva para a região entre a terça e a quarta-feira. Conforme o último boletim da Defesa Civil do Estado, divulgado no final da tarde deste domingo, ainda havia 1.964 famílias fora de casa. No sábado, eram 2,2 mil famílias desalojadas ou desabrigadas.
Em Uruguaiana, o Rio Uruguai subiu de 10m40cm na sexta-feita para 10m71cm neste domingo, o que motivou novas remoções. Até o final da tarde de domingo, 529 famílias estavam fora de casa no município, onde oito bairros e três distritos do interior foram afetados pelas cheias. A cidade é uma das 12 que decretaram situação de emergência no Estado, segundo a Defesa Civil gaúcha.
Já em Quaraí, onde o Rio Quaraí atingiu o mair pico na história na quinta-feira, de 15m28cm, alguns moradores puderam voltar para casa neste domingo. Isso porque o rio baixou a 7m50cm à tarde, seu leito normal, conforme a Defesa Civil do município. O órgão informou que 400 famílias já retornaram para suas residências e outras 300 seguem desalojadas ou desabrigadas. Há pessoas em quatro abrigos públicos: um ginásio, uma escola municipal e dois piquetes.
Dona de um pequeno bolicho que funciona junto à residência, onde mora com o marido e o filho de 20 anos, Celia Rodrigues, 44 anos, conseguiu salvar apenas os documentos e algumas roupas. Os pertences foram colocados às pressas em uma mochila antes de deixar a casa, na sexta-feira, quando a água batia em sua cintura.
– Perdi tudo, até meus bichinhos. As duas gatinhas morreram, chorei muito – relata a moradora.
No local, também estão o outro filho e a filha de Celia, a nora, o genro e os dois netos, de quatro e um ano. Todos moram no bairro José de Abreu, o mais atingido pela cheia.
– Amanhã (segunda-feira) vamos tentar limpar a casa para voltar, mas não temos nada, nem onde colocar as roupas. O guarda-roupa que eu perdi era quase novo – lamenta Celia.
A cheia histórica em Quaraí tirou 3 mil pessoas de casa, devastou lavouras – principalmente as de arroz –, e provocou a morte de animais. A prefeitura calculou um prejuízo de R$ 4 milhões ao município, o que fez o Executivo decretar situação de emergência. Neste domingo, além de auxiliar as famílias no retorno para casa, a Defesa Civil também realizou a limpeza das ruas, muitas cheias de entulho.
Em Alegrete, moradores dizem se tratar de uma enchente histórica – a pior em 56 anos, comentam. O Rio Ibirapuitã chegou ao pico de 12m17cm no sábado e recuou 40cm no domingo, mas há temor de que o nível volte a subir em função do prenúncio de mais chuva.
– As pessoas estão com medo de novas chuvas porque o tempo está muito abafado e o céu nublado – comenta a coordenadora da Defesa Civil de Alegrete, Guiomar Silva.
A Ponte Borges de Medeiros, que liga o centro à região leste da cidade, teve de ser bloqueada em função do avanço da água. O desvio para atravessar o município precisa ser feito pela BR-290 (que também tem uma interdição, no km 571).
A prefeitura de Alegrete prepara a documentação para decretar, na segunda-feira, situação de emergência. A mesma medida deve ser adotada pela vizinha Itaqui, onde o nível do Rio Uruguai atingiu o pico de 11m14cm neste domingo e expulsou 188 famílias de suas casas.
Municípios com pessoas fora de casa
Agudo
Alegrete
Barra do Quaraí
Cachoeira do Sul
Itaqui
Jaguari
Quaraí
Rio Pardo
Rosário do Sul
São Borja
São Gabriel
Uruguaiana
Municípios que decretaram situação de emergência
Liberato Salzano
Trindade do Sul
Nonoai
Santo Ângelo
São Miguel das Missões
Guarani das Missões
Roque Gonzáles
Cândido Godói
Uruguaiana
Quaraí
Passa Sete
Não Me Toque