Depois de muitas discussões, foi divulgado, na manhã deste sábado, o texto final para a COP21 (conferência do clima, das Nações Unidas), restando agora o acordo consensual dos delegados de 195 países presentes ao evento.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou todos os países a "terminar o trabalho" e adotar o pacto contra o aquecimento global.
- O mundo está assistindo. Milhões de pessoas dependem de sua sabedoria - disse Ban aos delegados dos 195 países reunidos desde 30 de novembro para tentar concluir um acordo global, enquanto o projeto de acordo final foi apresentado aos delegados para sua possível aprovação.
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O documento foi apresentado pelo chanceler francês, Laurent Fabius, o presidente da COP21, após uma madrugada de debates. Fabius define o documento como histórico. Diz que é uma "virada" no combate à mudança climática. O texto será "legalmente vinculante", ou seja, de cumprimento obrigatório.
Na tarde deste sábado, o texto será submetido ao voto dos 195 delegados governamentais. Trata-se do primeiro grande entendimento internacional desde o Protocolo de Kyoto, em 1997.
Na abertura do chamado Comitê de Paris, reunião de ministros de Meio Ambiente e de Relações Exteriores de todo o mundo, Fabius agradeceu aos delegados pelos "meses e anos de trabalho" na luta contra o aquecimento global.
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- Estamos quase no final do caminho, e sem dúvida no início de outro - disse o chanceler francês, que se emocionou ao lembrar os delegados governamentais de conferências anteriores, que "lutaram, sem poder conhecer este dia".
- O projeto de acordo final deve muito ao progresso obtido aqui, em Paris, mas ninguém esquece o que foi obtido em especial desde Durban - afirmou, referindo-se à COP-17, realizada em 2011, na África do Sul.
- Este texto contém os principais avanços, que muitos de nós não acreditavam possível. Este acordo é diferenciado, justo, dinâmico e legalmente vinculante - afirmou o chanceler.
- Ele confirma nosso objetivo central, vital, de limitar o aumento a temperatura média da Terra bem abaixo de 2ºC, e se esforçar para limitá-lo a 1,5ºC.
Fabius disse ainda que haverá um mecanismo de revisão de metas nacionais voluntárias de redução das emissões de gases de efeito estufa a cada 5 anos.
- O projeto, de acordo de nossa conferência, afirma que os US$ 100 bilhões de financiamento serão um piso para depois de 2020 e até 2025 um novo objetivo numérico será determinado. Se adotado, este texto marcará uma mudança histórica - disse ele.
O chanceler argumentou ainda que o Acordo de Paris é essencial para todos, lembrando que pode não ser o melhor cenário possível, mas foi o melhor que pode ser negociado.
- O texto constitui o melhor equilíbrio possível, ao mesmo tempo poderoso e delicado, que permitirá a cada um voltar para casa com a cabeça erguida e com conquistas importantes - sustentou.
- Nossa responsabilidade frente à história é grande, e essa responsabilidade pressupõe não deixar passar essa oportunidade talvez única que se apresenta diante de nós.
Com o fim da sessão do Comitê de Paris, os delegados governamentais terão entre duas e três horas para avaliar as 27 páginas do documento. Então serão convidados por Fabius a se reunirem na assembleia da Conferência das Partes, quando votarão na tarde de hoje se aceitam ou não o novo marco legal internacional para o clima.
O último rascunho do documento, apresentado às partes na noite de quinta-feira, havia sido considerado por delegados governamentais, inclusive pela ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Silva, como o mais consensual desde o início da COP-21.