Um suspeito de envolvimento nos atentados de Paris está sendo ativamente procurado pelos investigadores que também se concentram na Bélgica, onde a operação terrorista reivindicada pelo grupo Estado Islâmico (EI) pode ter sido planejada.
A polícia francesa pediu neste domingo a ajuda da população para tentar localizar Abdeslam Salah, 26 anos, alvo de uma ordem de prisão internacional emitida pela justiça belga.
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Apresentado como um indivíduo perigoso, ele pode ser um dos camicases mortos ou pode estar foragido, segundo fontes próximas à investigação.
Ele morava em Molenbeek, um bairro popular de Bruxelas, de onde são oriundas as cinco pessoas detidas após os atentados de sexta. Segundo o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, o suspeito também é procurado na Bélgica.
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Os terroristas dispararam centenas de vezes com Kalachnikovs contra o público presente na casa de espetáculos Le Bataclan e contra os clientes em bares e restaurantes no 11º distrito de Paris, uma área muito boêmia.
Os terroristas que detonaram os explosivos que levavam consigo em torno do Stade de France, por sua vez, tinham a intenção de entrar no estádio, mas não conseguiram, segundo o secretário de Estado para Esportes francês, Thierry Braillard.
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Mas, para entrar no Stade de France, é preciso validar o ingresso em um sistema eletrônico e depois submeter-se a uma revista corporal. Os três suicidas decidiram, então, se explodir perto do estádio, onde era disputado um amistoso entre França e Alemanha, assistido por 80.000 espectadores.
Dois deles ativaram seus explosivos entre as 21h20 e as 21h30 (hora local) na esplanada que cerca o estádio, frente às entradas D e H. Na primeira explosão, morreu uma pessoa que passava perto.
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A terceira explosão aconteceu pouco antes das 22h00 em uma rua próxima e só morreu o suicida. A explosão ocorreu na entrada de um beco, como se o suicida tivesse se isolado voluntariamente antes de se fazer explodir.
Conexão belga
Entre os sete terroristas investigados, todos mortos por seus cinturões de explosivos, os investigadores identificaram três franceses, com idades variando entre 20 e 31 anos.
Dois deles moravam em Bruxelas, sendo que um no bairro de Molenbeek, de acordo com Ministério Público federal.
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O primeiro se explodiu perto do Stade de France, o outro no boulevard Voltaire, leste parisiense.
Segundo fontes próximas à investigação, este último camicase é irmão de Abdeslam Salah e de um outro homem interrogado no sábado pela polícia belga.
O terceiro camicase francês foi identificado no sábado: trata-se de Omar Ismail Mostefai, 29 anos, por ora o único membro do comando que atacou o Bataclan formalmente identificado.
Os investigadores também descobriram que os dois veículos utilizados pelos terroristas foram alugados em Bruxelas dias antes dos atentados.
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Várias Kalachnikovs foram encontradas dentro dos carros, um deles um Seat preto visto por testemunhas perto do local dos tiroteios contra bares e restaurentes e abandonado em Montreuil, periferia de Paris.
Um Polo preto também foi descoberto nas proximidades do Bataclan, onde 89 pessoas foram mortas por disparos e pela explosão dos três homens-bomba.
Os investigadores tentam agora determinar se alguns dos sete detidos na Bélgica no sábado também estão envolvidos nos atentados.
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Um dos detidos em Molenbeek alugou um dos carros localizados e foi identificado em um controle em Cambrai, norte da França, perto da fronteira belga.
Molenbeek se transformou num lugar de trânsito para os jihadistas nos últimos anos, como Mehdi Nemmouche, responsável pelo massacre em 2014 no museu judaico de Bruxelas, que passou pelo bairro belga.
A polícia francesa, além disso, investiga a veracidade de um passaporte sírio encontrado perto do corpo de um dos terroristas do Stade de France. O passaporte pertence a um migrante que chegou à Europa através da Grécia em 3 de outubro passado.
Fotos: as homenagens nos locais dos atentados:
Luto e pânico
Nos locais dos atentados que deixaram 129 mortos e 350 feridos - as cifras podem aumentar devido à gravidade de alguns sobreviventes -, as pessoas continuavam a prestar suas homenagens às vítimas e familiares.
Populares pesarosos afluíram com flores e velas, principalmente na entrada de El Bataclan, onde houve o maior número de mortos.
A Praça da República, transformada em mausoléu improvisado, houve um breve momento de pânico, quando um alerta falso motivado por um ruído de origem desconhecida levou as pessoas a correr e até a mesmo cair, um sinal do nerviosismo que domina a capital.
A prefeitura de Paris, por sua parte, anunciou a reabertura dos museus e outros centros culturais na área de Paris a partir da tarde de segunda-feira.
A Torre Eiffel, símbolo da capital francesa, ficará fechada até nova ordem após os atentados em Paris, e depois de ter as luzes apagadas em sinal de luto, voltou a ser iluminada neste domingo.
Na igreja de Notre Dame, os sinos tocaram às 18h15 (15h15 de Brasília) antes do início de uma missa solene da qual participaram personalidades de todo o país.
A França está em luto oficial de três dias.
O presidente francês, François Hollande, que apelou para a unidade nacional, já recebeu líderes de vários partidos, incluindo seu antecessor e rival de direita, Nicolas Sarkozy.
Hollande discursará nesta segunda-feira nas duas Câmaras do Parlamento, reunidas no Congresso em Paris em um ato político excepcional.
O presidente, que chamou os ataques de "ato de guerra", decidiu mobilizar 3.000 soldados adicionais na operação Sentinel, criada após os ataques de janeiro para proteger locais sensíveis (sinagogas, mesquitas...) e públicos.
No total, 10.000 soldados serão mobilizados até a terça-feira à noite no território francês, especialmente em Paris, o limite máximo previsto para a Sentinel.
Mas Hollande vai informar ao Parlamento que deseja que o estado de emergência seja mantido por três meses.
A extensão do estado de emergência além de 12 dias só pode ser autorizado mediante lei votada pelo Parlamento, que deve fixar uma duração definitiva.
Ação e reação
A França não demorou a reagir aos atentados de sexta. Caças franceses lançaram 20 bombas na noite deste domingo sobre o reduto de EI em Raqa, leste da Síria, destruindo um posto de comando e um campo de treinamento, segundo anunciou o ministério da Defesa.
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"O primeiro alvo destruído era utilizado pelo Daech (acrônimo em árabe do EI) como posto de comando, centro de recrutamento jihadista e depósito de armas e munição. O segundo alvo abrigava um campo de treinamento terrorista", acrescentou o ministério em um comunicado.
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Doze aeronaves, entre elas dez caças, engajaram-se simultaneamente a partir dos Emirados Árabes Unidos e da Jordânia e lançaram 20 bombas.
"Planejada para os locais preliminarmente identificados durante missões de reconhecimento realizadas pela França, esta operação foi conduzida em coordenação com as forças americanas", destacou o ministério.