O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter por mais tempo na cadeia o banqueiro André Esteves e o chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira. O ministro Teori Zavascki, que relata no Supremo os casos relacionados à Operação Lava-Jato, transformou de temporárias em preventivas as prisões decretadas para os dois. Com isso, já não há prazo para que Esteves e Diogo deixem o presídio.
A mudança do tipo de prisão, de temporária para preventiva, foi feita a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). Se isso não tivesse acontecido, os presos poderiam sair na próxima madrugada, já que a temporária tem duração de cinco dias e venceria nas primeiras horas da segunda-feira.
Esteves e Diogo foram presos na última quarta, assim como Delcídio, suspeitos de tentar interferir no andamento das investigações da Lava Jato. Conforme gravações obtidas pela PGR, o grupo tentou convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e ofereceu à família dele R$ 50 mil mensais. Além disso, Delcídio e Esteves teriam tramado a fuga de Cerveró do país.
Nas buscas, a Polícia Federal encontrou com pertences de Diogo a minuta do acordo de delação de Cerveró, que o senador Delcídio disse ter. O fato foi considerado gravíssimo pelo STF, já que esse acordo só deveria estar com o delator e com os procuradores da República e sequer foi homologado pela Justiça. Como o senador e seu assessor tinham o documento?
O ministro Teori ficou especialmente contrariado ao saber que Esteves também tem cópia de um acordo de delação premiada firmado por Cerveró com a PGR e que sequer foi homologado pela Justiça. A PGR considera o fato de extrema gravidade, porque o documento foi vazado por alguém ligado ao processo ou à investigação. Esse foi o argumento para pedir a prisão preventiva do banqueiro, agora concedida.
A decretação da preventiva contra André também ocorreu porque ele confirmou, em depoimento, ter mantido contato com o senador Delcídio Amaral a respeito da delação de Nestor Cerveró. Um indício de complô, no entender do STF.
Sócio do banco BTG Pactual, Esteves está preso no presídio Bangu 8 (Rio de Janeiro) e Diogo Ferreira, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília - mesmo local onde está Delcídio do Amaral.
O advogado de Esteves, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, chegou a pedir hoje ao STF que seu cliente fosse libertado, mas não foi atendido.