Quando a repórter de Zero Hora Letícia Duarte publicou a matéria "Refugiados - Uma História", que narra a saga de uma família síria da Grécia até a Alemanha, não imaginava que leitores fossem procurá-la para dizer que "sentiram o cheiro (do local) e se colocaram nos lugares dos pais das crianças migrantes, inclusive 'ouvindo' os choros delas como as mães que as acompanhavam".
O impacto da reportagem, que repercutiu internacionalmente, e de outras coberturas, publicadas por Carlos Rollsing (Zero Hora), Larissa Roso (Zero Hora), Jonas Campos (RBS TV) e Eduardo Gabardo (Rádio Gaúcha) no último ano, foi o tema da quinta edição do Em Pauta ZH - Debates sobre Jornalismo, realizado nesta terça-feira.
– É um momento muito especial. À medida que a indústria é desafiada, precisamos firmar nosso compromisso e queremos definir que vamos trilhar o caminho do jornalismo de qualidade. Acreditamos que essa é a nossa diferenciação e vocação e que isso nos trouxe até aqui nos últimos 60 anos. Sabemos que é o que vai nos levar para frente. Para isso, precisamos promover o debate e estar muito abertos para entender a evolução desse processo – afirma o presidente-executivo do Grupo RBS, Eduardo Sirotsky Melzer.
Cada vez mais, segundo ele, o lado humano do jornalismo será valorizado pelos profissionais do Grupo RBS. Narrativas fortes e envolventes, como as de Letícia e Rollsing (Inferno na Terra Prometida), Larissa (Últimos Desejos), Jonas (Caso Bernardo) e Gabardo (Coronéis do Futebol), são fundamentais para trazer mudanças sociais e estimular a discussão de assuntos que envolvem diretamente a vida de milhões de pessoas.
– A essência do jornalismo que a RBS pretende executar cada vez mais está simbolizada na atuação do repórter. Porque o jornalismo profissional nasce de uma ideia, de uma percepção, e a partir dela se aciona o repórter que, com sensibilidade e talento, transforma algo abstrato em matéria e dá vida ao jornalismo – diz Marcelo Rech, diretor-executivo de Jornalismo do Grupo RBS.
Com relatos das experiências vividas com as reportagens, Rollsing, Larissa, Gabardo, Letícia e Jonas arrancaram risos dos convidados presentes – entre eles, universitários e professores –, dividiram suas tensões e angústias ao longo da produção dos trabalhos e relataram como lidam com as reações dos leitores após a publicação, aproximando ainda mais quem produz e quem consome conteúdo.
– É fundamental debater todo tipo de tema que envolve o jornalismo e a vida das pessoas. É preciso encontrar formas de manter viva a importância do jornalismo para a sociedade, para que ele jamais perca seu valor e nenhuma forma acabe sucumbindo diante das novas tecnologias – analisa o estudante Maureci Júnior, 34 anos, do 8º semestre de Jornalismo da Uniritter.
Para o professor de Comunicação Social da Ulbra Jorge Gallina, 62 anos, o evento fez com que ele percebesse a dificuldade para a elaboração de reportagens longas e que envolvem temas delicados:
– O jornalismo representa a sociedade. A função dele é importante para fornecer uma opinião mais balizada (sobre os assuntos). Nesse momento, a gente descobre no trabalho do repórter a dificuldade que ele tem para trazer aquilo, que muitas vezes, a gente acha que é fácil.
O projeto Em Pauta ZH - Debates sobre Jornalismo, promovido pelo jornal Zero Hora, traz a Porto Alegre profissionais de atuação reconhecida para debater com jornalistas, professores e estudantes sobre o futuro e o presente da profissão e o papel dos jornalistas em uma sociedade livre e democrática. Exposições acompanham os eventos.