Dois meses após a tragédia que matou o menino Alan Kurdi (inicialmente identificado como Aylan) em um naufrágio no litoral turco e o transformou em símbolo mundial da tragédia que atinge os migrantes que buscam abrigo na Europa, Abdullah Kurdi, pai do garoto, concordou em falar com a imprensa brasileira.
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Na cidade de Kobane, na Síria, o homem de 39 anos atendeu o fotógrafo Gabriel Chaim, que viajou ao país para cobrir a guerra civil que já dura mais de quatro anos. O relato da entrevista, exibida no programa Fantástico deste domingo, também foi passado por Chaim ao site G1.
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Depois de perder a mulher e os dois filhos na travessia que tentava fazer da Turquia para a Grécia, Kurdi se mudou para a cidade de Erbil, no Curdistão iraquiano, onde sobrevive graças a uma ajuda de custo que recebe do governo local e da administração de Kobane. Na entrevista, Kurdi conta que tinha uma barbearia em Damasco.
Com o início da guerra civil, se mudou com a família para Kobane. Mais tarde, o Estado Islâmico tomou a cidade e o barbeiro decidiu levar toda a família para a Turquia. Enfrentando dificuldades para se manter no país vizinho, Kurdi decidiu migrar para o Canadá, onde vivia sua irmã. Antes, iriam para a Europa.
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O barbeiro revelou ter pago mais de 2 mil euros por adulto (cerca de R$ 8,4 mil) e mil por criança (em torno de R$ 4,2 mil) a um coiote para embarcar a família. Eram 13 pessoas a bordo.
- Falei que era gente demais, mas ele disse que não, porque a Grécia era muito perto. Depois de cinco minutos vieram ondas fortes, e, na segunda onda, o piloto fugiu nadando - afirma.
Sem opção, Kurdi assumiu o comando do barco. Na entrevista, mostrou-se indignado com as insinuações de que ele seria o capitão da embarcação:
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- Fiquei triste e com muita raiva. Isso é uma mentira. Do momento do naufrágio, o sírio recorda apenas que, quando o barco começou a balançar, Galib (seu outro filho) se abraçou a ele e Alan, à mãe.
- Foi a primeira vez que eu os vi com pavor. Eu queria ter morrido com eles - desabafou.
Tomado pela emoção, Kurdi não conseguiu prosseguir com a entrevista, mas disse esperar que a tragédia vivida por sua família faça o mundo olhar de forma diferente para o drama dos refugiados.
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