O prédio que um dia foi um bar na Rua 7, na Vila Valneri Antunes, no Bairro Mario Quintana, Zona Norte de Porto Alegre, hoje abriga uma entidade social com aulas de reforço para estudantes e distribuição de cestas básicas às famílias carentes da região. Há quatro anos, a área abriga o Clube da Vovó e Netinhos, criado há três décadas pela metalúrgica aposentada Maria Mercedes de Paula, 61 anos.
Para alugá-lo por R$ 300 mensais (entre aluguel, energia elétrica e água), Maria Mercedes depende das vendas do brechó da entidade - montado a partir de doações de roupas, bijuterias e móveis.
No antigo bolicho, cerca de 40 crianças recebem aulas de reforço escolar de português, matemática e inglês no horário inverso ao da escola. As mães e avós participam de atividades que vão desde palestras gratuitas sobre diferentes temas a oficinas de artesanato e de costura. Está sendo montada, também, uma biblioteca para os moradores da região. Aos sábados, o time de futebol das crianças da entidade treina num campinho próximo. Tudo é feito com o auxílio de voluntários. As cestas básicas, doadas por uma empresa da Zona Norte, são entregues mensalmente aos mais carentes.
- Enfrentei dificuldades desde muito cedo, pois perdi meus pais aos 12 anos. Quando vim para Porto Alegre, decidi que ajudaria o próximo de alguma forma - conta Maria Marcedes.
Sonho
Por mais de duas décadas, o Clube funcionou numa igreja da comunidade. Lá, eram atendidas mais de 50 crianças. Com o fim da parceria com a igreja, Maria Mercedes necessitou de um novo espaço. Foi quando surgiu o bar, que pertencia a um familiar dela:
- Como não tinha outro lugar para continuar, me obriguei a alugar este cantinho e a diminuir o número de atendidos por dia. Mas não desistimos do projeto.
O maior sonho de Maria Mercedes e dos voluntários é ter um espaço próprio onde possam oferecer teatro, dança, música e laboratório de informática para a comunidade. Mas faltam os R$ 180 mil necessários para a compra de um terreno dentro da própria vila.
- Estamos na terceira geração de crianças. Fico feliz quando eles voltam adultos para agradecer pelas oportunidades que tiveram. Cultura transforma - garante Maria Mercedes, enquanto coloca mais revistas sobre a cadeira na entrada do antigo bar, com um convite para serem lidas pelos moradores.