Depois da conversão da sua prisão de temporária em preventiva, sem prazo para obter a liberdade, o banqueiro André Esteves renunciou, na noite deste domingo, às funções de presidente executivo e do Conselho de Administração do BTG Pactual. As informações são da Folha de S. Paulo.
Outros sócios do BTG Pactual começam a discutir a sua saída do banco e a compra da fatia acionária de 28,8% de Esteves. Os principais acionistas do BTG Pactual passaram a tarde e a noite deste domingo reunidos na sede do banco, em São Paulo. Desse encontro, saiu a decisão de vender a sua parte da Rede D'Or, maior grupo de hospitais do país, com atuação principalmente em São Paulo e Rio. O BTG Pactual é o maior banco de investimentos do Brasil e as ações de Esteves valem cerca de R$ 6,4 bilhões. A intenção da empresa é afastar o banqueiro para evitar que a imagem da instituição financeira seja contaminada.
Conheça os motivos que determinaram a prisão do banqueiro André Esteves
Graduado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o empresário começou a carreira no Banco Pactual, em 1989, quando tinha 21 anos e ainda estava na faculdade. De classe média, o ex-morador da Tijuca ingressou como estagiário no Pactual, para onde ia de ônibus. Logo virou sócio minoritário e liderou o movimento de saída do então controlador do banco. Depois, vendeu a instituição para o suíço UBS e três anos mais tarde, recomprou o banco.
Assim, fundou o BTG Pactual, conglomerado que se tornou, hoje, o maior banco de investimentos do Brasil, responsável por administrar R$ 138,6 bilhões.
Quem é o bilionário André Esteves, preso na operação Lava-Jato
Esteves foi o mais jovem bilionário brasileiro aos 37 anos. Hoje, aos 46 e pai de três filhos, acumula atrimônio de US$ 2,1 bilhões. Segundo a revista Forbes, o brasileiro está classificado na posição de número 628 no ranking Bilionários do Mundo.
Dos quatro alvos de mandado de prisão por tentativa de arquitetar um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com o objetivo de frustrar parte das investigação da operação Lava-Jato, três participaram de uma reunião que foi gravada e serviu como prova: o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro.
STF prorroga estadia do banqueiro André Esteves em presídio
Esteves não estava no encontro em que o senador petista montou o estratagema para driblar as autoridades, mas acabou detido mesmo assim por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora a voz de Esteves não apareça na gravação feita secretamente por Bernardo Cerveró, filho do ex-dirigente da Petrobras e responsável por denunciar o plano de Delcídio, o ministro Teori Zavascki, do STF, enumerou uma série de alegações para embasar a prisão.
Para o magistrado, o registro de áudio da reunião e o depoimento de Bernardo Cerveró "revelam atuação concreta" de Esteves para "tumultuar, em máximo grau, segmento relevante da operação Lava-Jato". Em síntese, Esteves fez parte de um plano - que seria bancado financeiramente por ele - para garantir a fuga de Cerveró ao exterior. O ex-dirigente da Petrobras também seria "comprado" para não fazer a delação premiada. Ou, em caso de assinar o acordo, ele negaria todos os fatos relacionados a Esteves, BTG Pactual e Delcídio. O banqueiro pagaria R$ 4 milhões ao ex-executivo. O senador também prometera mesada de R$ 50 mil mensais, que seria paga pelo empresário. Outro fator não deixou dúvida do envolvimento de Esteves para o STF: ele havia solicitado a realização de nova reunião, no Rio, para que pudesse sacramentar o trato e conhecer Bernardo pessoalmente.