A tragédia de Paris se explica: foi obra de fanáticos e todo fanatismo é demente. A ruptura das barragens de minério em Mariana, MG, é crime ainda maior: travestida de "investimento", foi obra de duas empresas (uma daqui, outra australiana) e da inerte burocracia estatal.
O terror islâmico terá solução global. Aqui, a devastação da mata, dos rios e do mar perdurará por séculos ou será irreversível. Peixes e animais selvagens desaparecerão para sempre. A lama ácida sedimentará o leito do Rio Doce e a água "morrerá", sepultada no mar.
***
A resposta à Jihad islâmica foi rápida. Mas as medidas de autodefesa da França e os bombardeios só mitigam a insânia. Baixam a febre sem extirpar o tumor.
O "Estado Islâmico" nem Estado é, mas só um aglomerado de fanáticos religiosos que, em 2004, ocuparam partes do Iraque e da Síria e se proclamaram como califado. Expandiram-se no caos totalitário árabe do ódio a Israel. As potências Ocidentais os viram como instrumento para se opor à Líbia e à Síria e lhes deram armas. Hoje, a seita impermeável e rude mata, escraviza, destrói populações inteiras e monumentos da História.
O terror do Islã crê ter raízes no seu próprio Profeta. Maomé foi um guerreiro. Não se limitou a pregar pela palavra e pelo exemplo, como Cristo. Não guiou seu povo pelo deserto, como Moisés. Nem fez da compaixão o preceito base, como o budismo.
Armas na mão, Maomé teve exércitos. O Islã triunfou pela força (não só pelo convencimento), com espadas cortando cabeças e tendo cabeças cortadas. Hoje, com tecnologia do século 21, o Estado Islâmico filma cenas do Século Sétimo - a degola em fila, modernizada como linha de montagem.
***
Esta teologia do terror não nasce da religião, mas da religiosidade fanática, sem amor ou ternura. Sim, pois o ventre do fanatismo é fetichista e místico. A visão fanática nasce do pensamento único de seita: "Só eu tenho a verdade única de Deus".
Todo fanatismo é místico-insano. O fanatismo político dos campos de extermínio de Hitler e Stalin, ou dos torturadores da ditadura, ou o fanatismo no futebol, que mata o desconhecido torcedor adversário, nasce da "verdade única". O terror islâmico é impermeável por isto!
Ontem, a Inquisição não foi obra dos fiéis nem da doutrina cristã, mas da burocracia eclesiástica. Hoje, o povo muçulmano não faz atentados. Mas sem a rigidez do Islã não haveria terror em nome de Alá. Os "jihadistas" são minoria? Sim, mas também a Gestapo e as SS de Hitler eram minoria entre os alemães...
***
Nos debates que vi no canal francês, TV 5 Monde, o grande especialista do terror islâmico, Gilles Kepel, lembrou um paradoxo: tudo cresceu a partir de 1980, quando a CIA treinou e armou o bando de Bin Laden contra a ocupação soviética do Afeganistão. Finda a "guerra fria", outro paradoxo: o apoio inicial de países da OTAN ao "califado" do Estado Islâmico, para debilitar Kadhafi na Líbia e Assad na Síria.
Mas a tragédia maior é o choque cultural das migrações islâmicas, que não se integram à França, onde trabalham e vivem, berço dos filhos e netos.
Os franceses os discriminam? Em parte, sim. A França os recebeu, mas eles se negam a receber a França. Serão francesas ou europeias aquelas mulheres que, nas ruas de Paris, Madri ou Berlim, cobrem o rosto com a "burka", mal aparecendo os olhos?
Por que não se discriminam portugueses, espanhóis, eslavos e outros? Manuel Valls, atual primeiro-ministro, é filho de espanhóis. O ex-presidente Nicolas Sarkozy é filho de húngaros.
Dos autores da chacina no teatro-café Bataclan, diz-se que dois "são franceses". De fato, nasceram na França, mas são franceses só no registro civil. Nem eles se julgam franceses.
As comunidades islâmicas se mostram contrárias à violência. Mas, o que fizeram para se opor ao terror? Enquanto só houver palavras, sem atos concretos, persistirá a abjeção com que o Estado Islâmico festejou - com palavras - a chacina de Paris: "A glória e o mérito pertencem a Alá".
Por tudo o que amamos, além da França, pensemos no terror das barragens de Minas!
.