O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que esta é a última geração que poderá enfrentar o desafio de conter o aquecimento global e seus efeitos devastadores. O norte-americano foi um dos primeiros líderes mundiais de maior expressão a se pronunciar na 21ª Conferência do Clima (COP-21) de Paris, que bateu Copenhague e se tornou a maior conferência diplomática da história da humanidade. Antes dele, o anfitrião do evento, o presidente francês François Hollande, advertiu que a paz mundial está em jogo na rodada de negociações diplomáticas que começa nesta segunda-feira.
Mais de 150 chefes de Estado e de governo estão reunidos em Le Bourget, nas imediações de Paris, para o primeiro dia da COP-21, a conferência que deve traçar as políticas globais de luta contra o aquecimento global.
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Obama começou seu discurso afirmando que os líderes mundiais vieram à capital francesa três semanas após os atentados que deixaram 130 mortos e 350 feridos com o objetivo de demonstrar determinação.
- Manter a conferência é um ato de resistência que prova que nada vai nos impedir de construir o futuro que queremos - disse o presidente dos Estados Unidos.
Para Obama, a COP-21 é um "momento de virada" para salvar o planeta.
- Nenhuma nação, pequena ou grande, rica ou pobre, está imune - lembrou.
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- Nós somos a primeira geração a ter detonado o aquecimento climático, mas nós talvez sejamos a última a poder fazer algo para evitá-la.
Obama lembrou ainda os compromissos firmados pelos Estados Unidos para reduzir entre 25% e 28% as emissões do país até 2025, em relação a 2005.
- Como uma das primeiras economias do mundo, eu estou absolutamente consciente que nós somos uma fonte do problema - reconheceu, defendendo que se fixe um acordo e que os objetivos evoluam em longo prazo.
- Em Paris, garantamos um acordo ambicioso, com objetivos que possam ser elevados regularmente, e que levarão em conta as distinções e os progressos de cada uma das nações.
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Minutos depois, o presidente da China, Xi Jinping, pediu um "acordo global, equilibrado e aprofundado contra as mudanças climáticas".
- O acordo de Paris deverá acentuar nossas ações face às mudanças climáticas depois de 2020 - pregou.
O chefe de Estado chinês exortou as nações mais ricas a cumprirem seu engajamento de mobilizar US$ 100 bilhões para auxiliar países mais pobres, além de transferir tecnologias que possam ajudar contra os efeitos do aquecimento global.
- O princípio das responsabilidades comuns, mais diferenciadas, deve ser respeitado - defendeu.
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Mais cedo, na abertura dos discursos, Hollande havia afirmado que se as mudanças climáticas não forem controladas, o risco de guerras vai crescer.
Hollande fez o discurso de abertura do evento, pouco depois das 11h no horário local (8h em Brasília).
- Hoje, vivemos um dia histórico. A França recebe 150 chefes de Estado e de governo e milhares de delegados de todos os continentes. Jamais uma conferência recebeu tantos representantes de tantos países - celebrou, lembrando que o encontro acontece três semanas após os atentados de Paris, que deixaram 130 mortos e 350 feridos.
O presidente da França lembrou que o ano de 2015 registra o recorde de aumento da temperatura média, o que torna a necessidade de agir ainda mais premente.
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- Como aceitar que sejam os países mais pobres aqueles que emitem menos gases de efeito estufa? - questionou.
- É em nome da justiça climática que nós devemos agir.
Para Hollande, a COP-21 representa uma esperança de que o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, desenhe uma trajetória credível para conter o aquecimento global abaixo de 2ºC até 2100, ou até mesmo 1,5ºC, se possível.
- O aquecimento prenuncia conflitos e provocará migrações maiores do que as guerras. Estados correm o risco de não poder mais suprir as necessidades vitais de seus povos - advertiu.
- O que está em questão nessa conferência do clima é a paz.
Ainda na abertura, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu um acordo universal e destacou a obrigação das nações mais ricas em financiar a luta contra o aquecimento global.
- Os países desenvolvidos devem manter sua promessa e mobilizar US$ 100 bilhões - exortou o diplomata.
- Cabe a vocês a sorte da COP-21. O futuro do nosso planeta está em suas mãos.
*Estadão Conteúdo