Quando teve seu primeiro filho, em 1996, a empresária Giovana Peliciolli assumia as funções de casa ao lado do marido. Então com 29 anos, a bancária tinha como foco construir uma família, dividindo as contas e as responsabilidades da casa. Uma década depois, o cenário mudou radicalmente. No segundo casamento e com a chegada do segundo filho, em 2006, ela passou a ser a principal provedora da família, cuidando dos gastos, da escola e dos filhos.
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A casa de Giovana em 2015 reflete uma série de tendências que estão, aos poucos, mudando o perfil das famílias no Rio Grande do Sul. Entre elas, o crescente protagonismo das mulheres dentro do núcleo familiar é um dos destaques.
Se, em 2001 elas eram apontadas em apenas 26% dos lares gaúchos como a principal referência da família - ou seja, como a chefe do núcleo familiar -, hoje este número já ultrapassa os 42%. Os dados, que integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, foram divulgados na manhã desta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento conta com informações anuais sobre características da população brasileira.
O RS é um dos Estados que lideram uma tendência nacional, ocupando o sexto lugar. No Brasil, enquanto em 2001 as mulheres eram apontadas com principal referência em 27% das famílias, no último Pnad elas somam 39,8%. Nesses casos, três podem ser as razões que levam a esse "comando" feminino: a mulher ganha mais que o homem, possui mais escolaridade ou tem uma situação de trabalho mais estável.
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Conforme a pesquisa, pelo menos uma dessas hipóteses se confirma. Na Região Sul, o grau de escolarização delas é mais alto que o deles. Entre as idades de 18 a 24 anos, 30% das mulheres entrevistadas estavam estudando, contra 26,5% dos homens. Já com 25 anos ou mais, foram 4,1% das mulheres e 3,5% dos homens.
Ainda assim, no RS e no Brasil todo, elas seguem ganhando menos. De acordo com os dados nacionais, o rendimento médio mensal dos homens de 15 anos ou mais de idade foi de R$ 1.987. Já o das mulheres, ficou em R$ 1.480.
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Hoje, com 48 anos e dois filhos - Arthur e Fernando, de 8 e 19 anos - Giovana é considerada por ambos como a grande chefe da casa. É para ela que os filhos se reportam, e é a sua figura que representa estabilidade dentro do núcleo familiar.
- Passei a ver minha mãe como a pessoa que manda dentro de casa. Mesmo depois do segundo casamento, esse papel dela não mudou, só cresceu. Meu irmão já nasceu vendo minha mãe assim, e acredito que isso só vai se fortalecer ao longo dos anos - conta Arthur.
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Após os 40 anos, além do cuidado com os filhos, Giovana passou a ter um olhar mais atento à sua mãe, hoje com 88 anos. O aumento na expectativa de vida da população brasileira coloca o Rio Grande do Sul no segundo lugar em percentual de pessoas com 60 anos ou mais - que somam 17,3% - O Estado aparece logo abaixo do Rio de Janeiro, que lidera com 17,4%.
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E as principais responsáveis por isso, mais uma vez, são as mulheres. Os dados da Região Sul do país apontam que, em 2014, 16,4% delas possuíam 60 anos ou mais, contra 13,6% dos homens.
Essa tendência chama a atenção principalmente se colocada ao lado do Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, divulgado em setembro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme o documento, o número de pessoas com mais de 60 anos no país cresce muito mais rápido do que a média internacional. Enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até o ano de 2050, ela quase triplicará no Brasil.
Ao mesmo tempo em que envelhece, o RS é o Estado que possui a menor porcentagem de crianças entre 0 a 4 anos, que somavam apenas 5,7% da população. Rio de Janeiro e Santa Catarina apareceram lado a lado com o RS, registrando o mesmo percentual.