O Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul denunciou, nesta quinta-feira, 19 pessoas envolvidas na fraude investigada pela Operação Leite Compen$ado 10, em complemento à denúncia feita em 26 de outubro contra Luciano André Petry e Fábio Ricardo Bayer, sócios da empresa H2B Laticínios Ltda., presos preventivamente. O MP pede a manutenção das detenções e a aplicação de medidas cautelares a outras 17 pessoas.
Entre as medidas estão o comparecimento na Justiça a cada dois meses para informar as atividades realizadas; proibição de acesso ou frequência à sede das empresas Lactibom Derivados do Leite Ltda., H2B Laticínios Ltda., DRW Alimentos Eireli e Laticínios Latte Bios Ltda.; proibição de se ausentarem das suas cidades por mais de oito dias; e a suspensão de atividades econômicas quando houver suspeitas de práticas ilegais.
Os suspeitos foram denunciados pelos crimes de organização criminosa e adulteração de produto alimentício. Vanderlei Luis de Macedo, sócio da Lactibom e sócio oculto da DRW, administrava o esquema, de acordo com o MP. A esposa de Vanderlei, Débora Reckziegel Weschenfelder, era funcionária da Lactibom e sócia-administradora da DRW. Ela faria a distribuição ao mercado do leite UHT ou pasteurizado impróprio para consumo. Ainda segundo o MP, Fábio Ricardo Bayer e Merandir Luiz Haas Horn constituíram, em setembro deste ano, a pessoa jurídica H2B Laticínios Ltda. para ocultar Vanderlei, que vinha enfrentando dificuldades financeiras.
A irmã de Petry teria passado a administrar a empresa H2B e a auxiliar Bayer e Horn na compra do leite cru refrigerado adulterado, corrompido ou falsificado, bem como na fabricação e na venda. Além disso, Márcio Evandro Busch, Fagner Augusto Lohmann, Fábio Gustavo Lohmann, Simone Cristine Ritter e Carlos Roberto Kieling seriam os transportadores de leite responsáveis pela captação e transporte do produto fraudado. As funcionárias da H2B Jéssica Beatriz Olweiler e Adriane Elisa Flesch, comandadas por Petry e Bayer, alteravam ou deixavam de preencher as planilhas de recebimento de leite cru refrigerado e saída de lotes, como aponta a denúncia do Ministério Público.
Leite com água e bactérias
Mateus Moerschbaecher Borges, por determinação de Petry, seria o responsável por avisar os transportadores e funcionários sobre a fiscalização nas dependências da H2B. Já Fernando Lermen seria o encarregado de controlar o estoque e a expedição das cargas adulteradas da empresa. Consta na denúncia que Merandir Luiz Haas Horn integrava a organização criminosa como prestador de serviços com ingerência nas ações delituosas.
Por fim, Rodrigo Rafael Huff Franzmann, Rejane Pressler e Carina Taís Siebeneichler, responsáveis pela empresa Laticínios Latte Bios Ltda., receberiam as cargas adulteradas da H2B para a fabricação de queijos adulterados, com rótulos, datas de fabricação e de validade alterados, que eram mantidos em depósito. Petry destinava as cargas de nata e leite em condições totalmente impróprias ao consumo para Alexandre Pontin, representante comercial que tinha conhecimento dos problemas do produto, mas mesmo assim os revendia para diversos estabelecimentos comerciais na Região Metropolitana e Serra Gaúcha.
Durante as investigações, análises feitas pelo laboratório da Univates constataram que 11 lotes de Leite UHT Lactibom apresentaram acidez elevada e proliferação de bactérias, o que indica que o produto estava em processo de deterioração, além de crioscopia elevada - o que pressupõe adição de água. Os seguintes lotes do prosuto não devem ser consumidos:
- Lote 02, com data de validade que expira em 05 de dezembro
- Lote 07, com data de validade que expira em 14 de dezembro
- Lote 21, com data de validade que expira em 08 de janeiro
- Lote 26, com data de validade que expira em 21 de fevereiro
- Lote 72, com data de validade que expira em 23 de janeiro
Queijo com coliformes fecais
Conforme o Ministério Público, a Laticínios Latte Bios Ltda., de Lajeado, comprava de Luciano André Petry leite cru refrigerado corrompido, nocivo à saúde e com o seu valor nutritivo reduzido. Rodrigo Rafael Huff Franzmann, Rejane Pressler e Carina Taís Siebeneichler, administradores da Latte Bios, fabricariam queijo Queschmier-Ricota com o leite fraudado.
O representante comercial Alexandre Pontin, tendo conhecimento das condições do produto, compraria o queijo para revender ao mercado. Durante o cumprimento dos mandados da Leite Compen$ado 10, uma carga do produto foi apreendida em um veículo utilizado por Alexandre, e, após análise, foram detectados coliformes fecais, associados a fezes de animais.
ZH tentou entrar em contato com as empresas acusadas de fraude, sem sucesso.