Os resquícios do temporal do dia 8 de outubro ainda são sentidos pelos moradores da localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande, em Santa Maria. No local, parte de uma ponte de madeira foi levada pelas chuvas, o que dificulta a locomoção de veículos e pedestres. A própria comunidade realiza manutenções para tentar conservar a estrutura. Com a ajuda dos moradores, uma passarela de ferro foi colocada provisoriamente no que restou da ponte, para que o local não ficasse sem acesso. No entanto, ainda não há previsão de quando a ligação será reconstruída.
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A ponte dá acesso à Estrada Pedro Fernandes, onde residem cerca de 40 famílias. Com a estrutura danificada, apenas pessoas e bicicletas podem passar. Na manhã desta terça-feira, o agricultor Claudio Marcos Fernandes, 55 anos, colocava pedras no leito do arroio para permitir a passagem de veículos.
- As pessoas deixam os carros estacionados do lado de cá e vão a pé, porque carro não passa. Comecei a colocar as pedras, para ver se a gente consegue atravessar aqui por baixo, porque todo mundo planta e precisa transportar - afirma Claudio.
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A precária estrutura dificulta serviços básicos, como recolhimento de lixo, entrega de gás, supermercado, além da ida das crianças à escola. Segundo a agricultora Marciele Xisto Rosa, 31, as compras do mercado são carregadas de carrinho de mão e, quando chove, a maioria dos estudantes que mora na localidade, não vai à escola.
- Temos de levar o lixo até o outro lado, porque o caminhão não sobe mais até aqui. A mesma coisa é com o gás e o supermercado. Deixamos nossos carros do outro lado e fica complicado de trazer e levar as coisas. E temos medo pelas crianças, que precisam passar ali, correndo o risco de cair - lamenta Marciele.
Segundo os moradores, a Defesa Civil esteve no local no dia 6 de novembro, vistoriando a estrutura. O órgão deixou um documento para os moradores, onde constava a solicitação de apoio do Exército para a montagem de uma estrutura provisória no local.
No entanto, até agora, nada foi feito. A agricultora Marta Fernandes, 43, conta que esta não foi a primeira vez que a ponte cedeu:
- Em outro temporal, em 2010, a estrutura foi levada pelas águas e foi o pessoal daqui que se uniu para arrumar. A cada chuva é a mesma coisa. E a ponte está ladeando cada vez mais, o que é perigoso. Já estiveram aqui, mas ninguém resolveu nada.
Sem data certa para o conserto
O secretário de Ação Comunitária e coordenador da Defesa Civil de Santa Maria, Adelar Vargas, afirma que está ciente da situação do local e que já está se mobilizando para recuperar o acesso dos moradores. Segundo ele, ficou decidido que não seria pedida a ponte móvel do Exército porque a estrutura só poderia permanecer no local por, no máximo, 15 dias, o que não resolveria o problema da comunidade. Ele afirma que o mesmo documento deixado para os moradores foi entregue ao Gabinete do prefeito e à secretaria de Infraestrutura, Obras e Serviços.
_ Solicitamos que seja feito um trabalho de recuperação da ponte, porque entendemos a necessidade da comunidade. Já conseguimos barra de ferro e conversamos com a secretaria sobre a possibilidade de conseguir concreto para colocar no leito do rio, para fazer ali a passagem dos veículos até que venha alguma verba de Brasília para reconstruir a ponte _ afirma Adelar.
O secretário adjunto de Infraestrutura, Obras e Serviços, Alexandre Brasil, afirma que não existe verba disponível para a colocação de concreto no local e que os reparos só serão feitos depois da liberação de recurso nacional:
_ Foi encaminhado para a Defesa Civil Nacional um pedido de recurso para estragos em função do temporal para todos os lugares que tiveram problemas. Estamos aguardando aprovação desses recursos para consertar a estrutura.