As autoridades francesas apontaram, nesta segunda-feira, o belga Abdelhamid Abaaoud, 27 anos, como o principal suspeito de ser o mentor dos ataques em Paris. Na última sexta-feira, seis atentados simultâneos deixaram pelo menos 129 mortes e 350 feridos.
De origem marroquina, Abaaoud, que atualmente estaria na Síria, já é procurado pela polícia belga desde o início do ano, quando uma operação contra um grupo jihadista no leste do país acabou em tiroteio. Os investigadores suspeitam que o jovem esteja por trás de outros ataques na França, como os atentados frustrados em uma igreja, em abril, e em um trem, em agosto. Segundo os policiais, ele aparece em vídeos do Estado Islâmico na Síria.
As autoridades ainda anunciaram os nomes de outros terroristas: Samy Amimour, francês de 28 anos, Omar Ismaïl Mostefaï, cidadão francês de 29 anos, Ahmad Al Mohammad, que tinha passaporte sírio, e Bilal Hadfi, francês que morava na Bélgica.
As ações coordenadas contra Paris atingiram seis pontos - e transformaram a noite de sexta-feira em tragédia. Dez meses após os atentados jihadistas contra a revista satírica Charlie Hebdo, policiais e judeus, as autoridades francesas decretaram estado de emergência. Entre os feridos, havia brasileiros.
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Pelo menos 89 pessoas morreram na casa de shows Bataclan, no centro da cidade, onde ocorria um show do grupo de rock Eagles of Death Metal. A polícia invadiu o local, e quatro terroristas morreram - três deles explodiram bombas que carregavam no corpo.
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Os terroristas que atacaram a casa de espetáculos parisiense dispararam com o rosto descoberto durante vários minutos contra o público que assistia ao show, tendo, inclusive, recarregado as armas, relatou um jornalista que estava no local. Segundo a CNN, os terroristas utilizavam granadas e fuzis de fabricação russa conhecidos como AK-47.
Três explosões foram ouvidas próximo ao Stade de France, onde era realizado um jogo amistoso entre as seleções da França e da Alemanha. Com medo dos estrondos, os torcedores invadiram o gramado ao ouvir os barulhos. O Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos ataques no sábado. Mais cedo, o presidente francês, François Hollande, acusou o grupo jihadista de cometer "ato de guerra". Hollande decretou estado de emergência e ampliou o controle nas fronteiras do país.
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- Temos de mostrar compaixão e solidariedade, e também temos de mostrar unidade e manter a calma. A França deve ser forte e grande - disse.
Na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou os ataques de uma "tentativa ultrajante para aterrorizar civis inocentes".
- Este é um ataque não apenas em Paris, não apenas sobre as pessoas na França, mas um ataque a toda a humanidade e aos valores universais que compartilhamos.
Atentados em Paris
Tiroteios e explosões ocorreram de maneira coordenada em pelo menos seis lugares, segundo o jornal Le Monde, que cita uma fonte judicial: no Boulevard Voltaire, em frente ao bar La Belle, no Bataclan, na Rua de la Fontaine, no bar Carillon e no Stade de France. Pelo menos cinco terroristas foram "neutralizados" na madrugada de sábado. A informação foi anunciada por François Molins, procurador de Paris.
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Logo após os ataques, o Itamaraty confirmou brasileiros entre os feridos nos atentados. Parisienses descreveram como "estado de guerra" a situação da capital francesa, alertando para um possível crescimento da onda xenófoba, ultranacionalista e de extrema direita no país, que está a três semanas das eleições regionais.
O presidente norte-americano Barack Obama também se pronunciou após os ataques, garantindo apoio à França e descrevendo as ações como "ataques contra a humanidade". Pelo Twitter, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff,se disse "consternada pela barbárie terrorista" e expressou seu "repúdio à violência" e sua "solidariedade ao povo francês".