Uma notícia que vi em todos os sites esportivos nesta quarta-feira: o Bayern de Munique, da Alemanha, ofereceu uma proposta de R$ 97 milhões para renovar o contrato com seu treinador, Pep Guardiola. Isto equivale a um salário mensal de R$ 8 milhões. Ou um ganho diário de cerca de R$ 266 mil. Este é o lado extremo do esbanjamento de dinheiro no futebol. Afinal, para que tanta grana para um bolso só? Parece até surreal. Prefiro duvidar que seja tudo isso.
Uma história bem verdadeira é a que estampou a capa do Diário Gaúcho de quarta. O treinador Marcos Adair Pereira trabalha diariamente com 50 crianças e adolescentes no Morro da Cruz. O campo é de terra, com lixo a demarcar o escanteio, a bola não é padrão Fifa e muitos atletas correm com fome. Para alimentar os sonhos destes atletas, Shaolyn ganha um salário de R$ 0 - isso mesmo, ZERO.
Ele é voluntário, ajuda a gurizada porque tem um coração que vale muito mais do que R$ 97 milhões. Seu pagamento é o sorriso do menino que o abraça, a confiança que os pais depositam nele, mesmo que Shaolyn nunca tenha feito um curso de treinador. Isso pouco importa: o personagem da seção Caminho do Bem, retratado em texto e vídeo em belo trabalho dos jornalistas Aline Custódio e Mateus Bruxel, tem um lema de vida. "Eu vivo para servir ou não sirvo para viver".
Que belo pensamento, Shaolyn! Minha vontade é terminar esta crônica e correr para te pedir um autógrafo. Vontade que não tenho caso cruzasse com Pep. Nada contra o talentoso técnico espanhol, admiro seu trabalho e acho que merece ter enriquecido com o futebol. Mas a grande filosofia que aprendi nos últimos tempos veio de Shaolyn: "Eu vivo para servir ou não sirvo para viver". Virou até tema de um rap. Confira no site do DG, a história vai te emocionar. E vocês me darão razão sobre o título desta crônica.
* Diário Gaúcho