Cerca de 20 mil turistas e empregados britânicos aguardam voos em Sharm el-Sheikh, no Egito, para voltar para casa. A retirada foi determinada por Londres depois que a inteligência britânica confirmou a suspeita de que uma bomba pode ter derrubado o Airbus A321-200 da companhia russa Metrojet, que caiu no Deserto do Sinai, matando as 224 pessoas a bordo. O avião partira de Sharm el-Sheikh. Quase 900 mil turistas britânicos visitam o Egito a cada ano, e Sharm el-Sheikh é um dos destinos favoritos.
A suspeita levantada pelos britânicos enfureceu o Egito e a Rússia, mas foi reafirmada ontem pelo premier britânico David Cameron e pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Os Estados Unidos estão analisando "muito seriamente" a possibilidade de que uma bomba tenha sido responsável pela tragédia, disse o americano.
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A decisão de Londres gerou tensão entre Cameron e o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, que se encontra na capital britânica para uma visita de cinco dias. Enquanto a posição oficial do governo egípcio era a de que ainda é cedo para se levantar suspeitas sobre as causas do incidente, o premier britânico sustentou a necessidade de evacuação em coletiva ao lado de Al-Sisi.
- Meu papel é agir da maneira adequada para manter os cidadãos britânicos a salvo e em segurança - disse Cameron.
Diante dos repórteres, os dois fizeram questão de mostrar disposição de trabalhar em conjunto. Al-Sisi chegou a fazer referência a um pedido feito há 10 meses pelo governo britânico para checar procedimentos de segurança em Sharm el-Sheikh. O chanceler egípcio, Sameh Shukry, que também está em Londres, pediu que não sejam adotadas medidas com "implicações que afetem um grande número de egípcios que dependem muito da indústria turística". Já o ministro da Aviação Civil do Egito, Hossam Kamal, disse que Grã-Bretanha e Estados Unidos não dividiram dados de inteligência sobre o caso com as autoridades egípcias.
Trabalhadores seriam alvo de investigação
A Rússia, por sua vez, acusou os britânicos de cometer "uma falha chocante" ao não dividir alertas sobre a possível ameaça.
- É francamente chocante pensar que o governo britânico tem algum tipo de informação que poderia lançar luz sobre o que aconteceu nos céus sobre o Egito. Se essa informação existe, e julgando pelo que o secretário de Relações Exteriores disse, ela existe, ninguém repassou-a ao lado russo - afirmou Maria Zakharova, portavoz da chancelaria russa.
Os britânicos na cidade egípcia não tinham claro nesta quinta-feira se deverão interromper as férias. Um deles, Jared Ashworth, escreveu no Twitter: "Atualmente no nosso segundo dia em Sharm. Vendo as notícias e perguntando-nos quanto tempo mais temos e se voltaremos para casa!". As companhias aéreas Monarch e Easyjet anunciaram que retirarão seus clientes de Sharm el-Sheikh. Eles só poderão levar bagagem de mão.
Fotos divulgadas pelo jornal britânico Daily Telegraph sugerem a existência de estilhaços de uma bomba na parte interna da fuselagem do Airbus encontrada no Deserto do Sinai. Segundo o jornal, investigadores suspeitam que uma suposta bomba teria sido embarcada no avião por funcionários do aeroporto internacional de Sharm el-Sheikh.