Uma anotação apreendida pela Procuradoria-Geral da República indica que o banco BTG Pactual, de André Esteves, pagou R$ 45 milhões ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atual presidente da Câmara, para ter atendido um de seus interesses em uma emenda provisória.
As informações são da Folha de S. Paulo.
O texto foi encontrado por policiais federais na casa de Diogo Ferreira, chefe do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ambos foram presos na última quarta-feira pela operação Lava-Jato.
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A anotação está descrita no pedido da PGR para manter o assessor e Esteves presos por tempo indeterminado, o que foi aceito pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), neste domingo.
A anotação seria parte de um roteiro de Delcídio para tentar soltar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, também preso pela Lava-Jato.
"Em troca de uma emenda à medida provisória nº 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de 45 milhões de reais", diz o texto.
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"Esse valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB", prossegue a descrição.
Essa MP, aprovada no Congresso em 2013, trata de operações bancárias. Um dos seus artigos pode ter beneficiado o BTG Pactual.
Cunha considerou "absurdo" o papel ligando seu nome ao recebimento de dinheiro por parte do BTG Pactual para alterar uma medida provisória de interesse do banco. "Parece armação", disse o deputado à Folha.
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Crítico da operação Lava-Jato, Cunha teve contas na Suíça - que seriam abastecidas com dinheiro da Petrobras - reveledas pela investigação. O deputado rejeita a versão de que teria recebido recursos ilícitos.
Pelo episódio das contas, Cunha é alvo de investigação no Conselho de Ética da Câmara. O processo poderá terminar com a cassação do seu mandato.