Imagens distribuídas pela Agence France Presse (AFP) mostravam uma apresentação de dança do ventre da brasileira Giovanna Argenta no domingo numa praça de Sharm el-Sheikh, no Egito. Natural de Porto Alegre, onde se profissionalizou, a jovem de 21 anos testemunhou a comoção causada pela queda do Airbus A321-200 da companhia russa Metrojet no dia 31 de outubro. Por telefone, ela falou na noite de domingo (horário do Brasil) a Zero Hora.
Como está o ambiente em Sharm el-Sheikh?
Há as duas faces da moeda. Logo depois do atentado, há pessoas que tentaram sair. Veja, por exemplo, o público do meu show. Se for comparado com o de sete dias atrás, houve redução. Mas o movimento nas ruas está supertranquilo. A maioria dos russos ficou na cidade. Hoje (domingo), dancei num hotel em que se hospedam russos, e o recinto estava cheio. Muita gente não trocou as passagens porque não tem medo de ficar aqui.
Você tem contato com turistas russos?
Sim, mas há também russos vivendo e trabalhando aqui. Muitos são casados com egípcios. A costureira das minhas roupas, por exemplo, é uma russa casada com um egípcio.
Como você se sentiu quando soube da queda do Airbus?
Fiquei chateada. É complicado quando tu vês algo assim acontecer com famílias, crianças, idosos. No dia 31, quando circulou a notícia sobre a queda do avião, os shows de dança nos hotéis de Sharm el-Sheikh foram cancelados em respeito à população russa. Foi um dia muito triste. Na praça em que danço, fizeram uma campanha distribuindo cartazes que diziam "Eu amo Sharm el- Sheikh". Foi uma iniciativa de paz e receptividade. Sharm el- Sheikh é uma cidade que todo mundo deveria conhecer, supertranquila. Para mim, não há nada de diferente.
Há outros brasileiros trabalhando em Sharm el-Sheikh?
Que saiba, sou a única.
A dança do ventre é tão tradicional no Egito como o samba no Brasil, mas seria curioso se um egípcio fosse contratado para sambar em Florianópolis, por exemplo. Como você se sente?
Sim, parece estranho. Quem despertou minha vontade de trabalhar no Exterior foi minha professora de dança do ventre, Priscila Fontoura (diretora da Amarein Escola de Danças Árabes, em Porto Alegre). Aqui, não se chama dança do ventre, e sim dança oriental. Me adaptei muito ao estilo egípcio de dançar, que enfatiza a interpretação da música, com mais movimentos de quadril, sem muito misticismo. É um estilo mais tranquilo e puro.