O gerente-geral de Estratégia de Gestão e Informação da Samarco afirmou neste sábado que a lama vinda da barragem que se rompeu em Mariana (MG) chegará inevitavelmente ao Oceano Atlântico mesmo com as barreiras de contenção que foram instaladas em Regência, litoral do Espírito Santo, foz do Rio Doce. Em entrevista à Zero Hora, Alexandre Souto classificou o desastre como um “acidente sem precedentes na indústria de mineração”.
O executivo da Samarco atendeu a reportagem à beira do rio, diante de dezenas de pessoas da comunidade local. A assessoria de imprensa vetou perguntas institucionais, políticas e a abordagem de qualquer outro assunto que não estivesse relacionado ao trabalho que está sendo realizado pela empresa em Regência para proteger áreas sensíveis do estuário.
– A gente teve um acidente sem precedentes na indústria de mineração. A gente não tinha tecnologia dedicada a esse fim. Então, o que conseguimos foi identificar uma tecnologia aplicada à indústria de petróleo, muito eficiente para reter óleo. Acreditamos que teremos um grau de eficácia satisfatório, mas não houve testes de laboratórios exaustivos e vamos conhecer o resultado prático depois – ressaltou.
Souto informou que a Samarco está preocupada com as atividades emergenciais e que outras medidas a serem adotadas em relação ao impacto ambiental, social e econômico serão tratadas posteriormente pela empresa.
– Os impactos socioambientais decorrentes desse evento serão tratados a seu tempo. A gente tem representantes na comunidade de Regência. Fizemos reuniões com a população e vamos discutir com a sociedade para dar o devido tratamento e qual o mecanismo adequado a ser adotado, que será mediado, obviamente, pela Justiça. Os canais estão abertos.
Segundo o gerente-geral da Samarco, apesar dos esforços, a mancha deve passar ao Atlântico. Os impactos que isso causará serão avaliados futuramente, segundo ele.
– A empresa está mobilizando tudo que é possível. O objetivo dessas barreiras não é reter a chegada do material de alta turbidez ao oceano. É proteger as áreas mais sensíveis do estuário, como a vegetação e a fauna local. A ida ao oceano, estacionando o material aqui ou não, vai ser inevitável. Nosso papel é deixar que isso vá ao oceano de uma forma natural, sem esforços de contenção, que iria prejudicar essa região sem diminuir um eventual impacto ao mar.
A opinião do executivo da Samarco é que o Rio Doce será recuperado e vai sobreviver.
– Tenho a expectativa de que vamos conseguir fazer um trabalho de recuperação. É cedo. Nossa prioridade é tratar da emergência, mas é uma opinião pessoal. Acho que temos condições de reverter. Não vamos evitar esforços para tratar de todo impacto causado.
*ZERO HORA