O diretor de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil, Antônio Mengale, disse nesta quinta-feira, em Brasília, que a empresa fará, no início de 2016, o recall dos 17.057 veículos do modelo Amarok que estão rodando no país com um sistema que altera os resultados de teste de emissões de gases poluentes.
Com a medida, os carros terão o antigo software substituído por um novo que está em desenvolvimento pela matriz da empresa na Alemanha, com o apoio de instituições internacionais e universidades.
O escândalo da manipulação das emissões dos gases poluentes começou com uma acusação da Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA), dos Estados Unidos. No mês passado, a EPA denunciou que uma família de motores a diesel da Volkswagen apresentava um software que fraudava testes em laboratório.
Desde então, verificou-se que o equipamento foi implantado em mais de 11 milhões de veículos em todo o mundo.
- O software tem uma grande complexidade. Ele identifica que a condição daquele momento é de teste e faz uma regulagem do motor, que emite menos poluentes nessas condições. Na condição de rodagem, o software modifica o funcionamento do motor e privilegia a performance do veículo - observou Mengale.
O executivo destacou que a utilização do carro com o sistema não apresenta nenhuma "dificuldade". Além disso, ressaltou que o software não interfere na segurança e no desempenho do carro.
- Mesmo assim, faremos o recall assim que o software estiver pronto - afirmou.
Segundo Mengale, a notícia da fraude foi recebida com surpresa pela Volkswagen do Brasil. O executivo comentou que o primeiro passo foi verificar se os carros brasileiros que usam esse tipo de motor também tinham o software.
- O levantamento que fizemos mostrou que o Brasil tem uma parte dos veículos que estão com esse software instalado. São veículos do ano/modelo 2011 e 2012 - esclareceu.
Segundo ele, os automóveis produzidos a partir de 2013 não têm o software. Mengale também ressaltou que nenhum dos veículos a gasolina produzidos pela empresa no país têm esse sistema.
De acordo com o diretor, a empresa agora se esforça para descobrir se os resultados reais dos testes de emissões de gases nos carros fraudados estão ou não fora dos limites estabelecidos pela legislação nacional. O executivo também salientou que a Volkswagen arcará com as possíveis consequências da fraude, como possíveis multas.
- Mesmo (o sistema) alterando o resultado dos testes, precisamos checar se o veículo está ou não em conformidade com a lei brasileira. Mas, independentemente da reposta, nós substituiremos o software antigo pelo novo que está em desenvolvimento - garantiu.