Um funcionário municipal foi agredido com relho por um vereador em Entre-Ijuís, cidade de 9 mil habitantes do noroeste gaúcho. O caso ocorreu na tarde da última terça-feira e foi registrado na Polícia Civil - e pelas duas partes envolvidas. O presidente do Conselho Municipal de Trânsito da cidade, Nahin Santos, alega agressão, enquanto o vereador César Eduardo Brissow (DEM) fez registro por difamação.
O desentendimento teria iniciado pelas redes sociais. A postagem que serviu de estopim foi uma foto publicada ao meio-dia de terça-feira, em que Santos critica o fato de um carro ter ocupado a vaga de deficiente em frente à Câmara de Vereadores. Cerca de três horas depois, enquanto conversava com moradores no centro da cidade, o funcionário público afirma ter sido surpreendido por Brissow:
- Vi que um carro passou rápido pela rua, mas nem dei muita bola. Pouco depois, apareceu alguém com um relho na mão e começou a me agredir. Eu só me defendi. Não apanhei, mas não podia revidar, porque sou um servidor público, então só levantei os braços e pedi para parar - conta Santos, que fez exame de corpo delito e fez fotos para registrar as marcas dos golpes nos braços e nas costas.
O funcionário afirma que recebeu a foto (reproduzida com o post acima) pelo WhatsApp já com a tarja sobre a placa e que, por isso, sequer sabia de quem era o veículo. Mas resolveu compartilhar na intenção de conscientizar a população para respeitar a sinalização de trânsito.
Brissow admite ter agredido o funcionário, mas alega que ele, sua família e os outros parlamentares vinham sendo "perseguidos" pelo servidor. Disse, ainda, que foi chamado de "vagabundo" quando foi questionar Santos sobre o porquê das postagens no Facebook.
- Sei que foi errado tomar a atitude que tomei, mas tenho recebido muitas ligações de pessoas dizendo que estão de alma lavada. Todo mundo queria fazer isso e não tinha coragem. Esse cidadão incomodou muita gente já - disse o vereador.
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Identificado apenas como consultor e amigo de Brissow, um ex-prefeito quis falar com ZH em nome do vereador. Disse que ele "não tem índole de atacar as pessoas", mas que houve uma "exaustão".
- Ocorreu em função do momento. Queria (mostrar uma atitude) exemplar, estava com o relho no auto, porque lida com animais no Interior. Foi espontâneo, nada premeditado - disse o amigo, sem divulgar o nome.
Fora o boletim de ocorrência por difamação, feito no mesmo dia, Brissow diz que não vai tomar nenhuma atitude além de se defender e manter seu mandato na Câmara. Já Santos diz que vai entrar com pedido de abertura de um processo de cassação contra Brissow na sexta-feira e que está colhendo assinaturas em um abaixo-assinado para reforçar o pedido.
A Polícia Civil investiga o caso e apreendeu o relho. ZH não conseguiu contato com os investigadores nesta quinta-feira.