Mantido do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, Miguel Rossetto (PT-RS) começa na tarde desta sexta-feira a discutir a composição do seu novo ministério, criado a partir da fusão de Trabalho e Previdência. O gaúcho assume a pasta com a missão de melhorar o diálogo com as centrais sindicais.
- Carrego para o novo ministério a rica tradição trabalhista do Rio Grande. Minha prioridade é preservar empregos e contribuir para o Brasil votar a crescer - disse o ministro a Zero Hora.
Rossetto terá de conter os ânimos das centrais, em atrito com o Planalto desde que uma medida provisória endureceu as regras de acesso ao seguro-desemprego. A política econômica do governo também desagrada as centrais, que, apesar das discordâncias, defendem o mandato de Dilma.
Conselheiro político da presidente, Rossetto tem no ministério duas secretarias nacionais. A de Previdência fica com Carlos Gabas (ex-ministro da Previdência) e a de Trabalho com José Lopez Feijó. Rossetto e Gabas se reúnem ainda nesta sexta-feira para discutir a formatação da nova estrutura, trabalho que vai se estender durante o fim de semana.
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Único representante do PT-RS na Esplanada, Rossetto chegou a correr o risco de ficar de fora do governo que ajudou a eleger - foi um dos coordenadores a campanha de Dilma em 2014. O esboço inicial da reforma indicava o gaúcho, que estava na Secretaria-Geral, na nova pasta criada a partir da fusão de Direitos Humanos, Políticas para as Mulheres e Igualdade Racial. No entanto, a pressão de movimentos sociais fez Dilma colocar Nilma Lino Gomes no ministério - ele já respondia pela Igualdade Racial.
O destino de Rossetto foi definido na quinta-feira, durante as reuniões de Dilma com o ex-presidente Lula e líderes aliados. Ex-vice-governador do Estado e com passagens pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o gaúcho é nome de confiança da presidente, que não abriu mão de sua presença na Esplanada e o recompensou com a missão no Trabalho e Previdência.
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Com a permanência de Rossetto, o PT-RS ficou com apenas um ministro, já que Pepe Vargas (PT-RS) se despediu da Secretaria de Direitos Humanos. Ele retorna ao mandato de deputado federal, o que implica na saída da Câmara do suplente Fernando Marroni (PT-RS).
No começo do segundo mandato de Dilma, Rossetto e Pepe integravam o núcleo político do Planalto à frente da Secretaria-Geral e da Secretaria de Relações Institucionais, respectivamente. A vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na eleição para Câmara enfraqueceu Pepe, levado para os Direitos Humanos em abril. Rossetto ficou no seu cargo, que respondia pela interlocução com os movimentos sociais, missão que ele auxiliará em sua nova função.