A Polícia Civil de Navegantes deteve na tarde desta quarta-feira cinco suspeitos de envolvimento na morte do haitiano Fetiere Sterlin, 33 anos, assassinado a facadas no último sábado em Navegantes. Segundo informações extraoficiais, um adolescente de 17 anos confessou ter sido o mentor do ataque.
O jovem, que presta depoimento na delegacia do município neste momento, disse que o crime não teria sido motivado por xenofobia, e sim porquê Fetiere teria mexido com a namorada dele naquela noite.
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O rapaz sustenta ainda que Sterlin também o teria agredido e que o grupo trocou xingamentos, o que difere do depoimento da mulher do haitiano, Vanessa Nery Pantoja. Segundo ela, o casal ia a uma festa no bairro Nossa Senhora das Graças com amigos, também de nacionalidade haitiana, quando três homens passaram pelo grupo gritando frases em crioulo - entre eles, o termo "macici", gíria para gay.
- O meu marido disse apenas "macici são vocês". Isso foi motivo para eles o jurarem morte. Uns 10 minutos voltaram em umas 10 pessoas e foram pra cima da gente - conta.
A mulher do haitiano relatou ainda que mais tarde o grupo, composto por vários adolescentes, retornou ao local com facas, uma pá e outras ferramentas para agredi-los.
Segundo a Polícia Civil, não está descartada a participação de um sexto suspeito, também menor de idade. O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Coronha, deve se pronunciar assim que terminar o depoimento do adolescente.
O corpo de Fetiere foi liberado na tarde desta quarta-feira pelo IML de Itajaí. Ainda não foram definidos o local e horário do sepultamento.
A repercussão da morte do haitiano também levou o Ministério da Justiça a emitir nota oficial na noite de terça-feira. O ministro José Eduardo Cardozo determinou que a Polícia Federal auxilie as investigações, que estão a cargo da Polícia Civil.
Na manhã desta quarta-feira a Delegacia da Polícia Federal em Itajaí informou que ainda não havia recebido a requisição oficial para entrar no caso.
Na nota oficial, o Ministério afirma que o episódio "ofende nossa histórica tradição de acolhida e respeito aos imigrantes que vêm ao Brasil construir suas vidas e que ajudaram, e ajudam, no desenvolvimento socioeconômico do País".