Um ônibus foi incendiado por volta das 22h desta quinta-feira na altura do número 999 da Avenida Saturnino de Brito, no bairro Vila Jardim, zona norte de Porto Alegre. Segundo informações da Brigada Militar, criminosos teriam ateado fogo no coletivo da linha 429 Protásio-Iguatemi e atirado contra o veículo.
Por conta disso, a empresa Viação Alto Petrólis (VAP), suspendeu as operações da linha até às 7h desta sexta-feira. A direção se reuniu com a Brigada Militar e só liberou a saída dos veículos das garagens após ter garantias de segurança.
Os bombeiros foram acionados para apagar o fogo no local. De acordo com a EPTC, ninguém ficou ferido. O motorista conta que havia aproximadamente 10 pessoas no veículo na hora do ataque.
- Eu estava chegando e percebi que tinham quatro pessoas na parada de ônibus, dois homens e duas mulheres. Eu parei, eles entraram no ônibus e já colocaram arma na minha cabeça, mandando eu descer e correr. Eu corri e logo comecei a ouvir os tiros - afirmou o funcionário, que não quis se identificar.
Uma moradora de um prédio no bairro Jardim Itu-Sabará, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que a confusão começou por volta das 20h30min.
- Ouvi cinco tiros. Deu uma pausa de 30 minutos e houve três tiros novamente. De repente, um ônibus parou e começou uma rajada de tiros, acho que eram de metralhadora. Atearam fogo no veículo. Eu vi os passageiros saindo correndo em direção a um posto de gasolina, e os criminosos entraram para a vila. Comecei a ligar para polícia e bombeiros, pois as labaredas estavam muito altas. Foi horrível - relatou.
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Segundo testemunhas, os criminosos teriam dito que a ação é para vingar a morte de Lorram Silva Rosa da Silva, conhecido como Mãozinha. Ele foi morto em confronto com o 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE) nesta quinta-feira, no Beco da Paz, onde outras três pessoas teriam sido presas.
A Polícia Civil não descarta a possibilidade de represália, mas, por enquanto, afirma que não há nada que comprove a motivação.
Os ônibus da linha 429 - Iguatemi-Protásio voltaram a circular na manhã desta sexta-feira, mas com desvios por conta da insegurança. No início do dia, os coletivos da linha não saíram das garagens, pois a empresa Vap informou que os coletivos só sairiam se houvesse a garantia de segurança por parte da Brigada Militar.
Pouco antes das 7h, a BM garantiu a presença de uma viatura na região e os ônibus começaram a deixar a garagem. Porém, a linha opera com rota alternativa, não circulando pela Avenida dos Prazeres, na zona leste da Capital.
A linha T4, da Carris, também chegou a circular com desvios no início do dia, operando com rota alternativa na região da Avenida Saturnino de Brito. O itinerário já foi normalizado.
A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre se manifestou por meio de nota. Confira abaixo a íntegra:
A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) manifesta a sua preocupação com os acontecimentos envolvendo veículos de transporte coletivo nos últimos meses, e entende a necessidade de uma ação conjunta entre os poderes constituídos e demais envolvidos. A entidade acredita que deve haver um esforço de atuação e estratégia entre todas as partes - Poderes Municipal e Estadual, Secretaria de Segurança, Brigada Militar, EPTC e empresas de ônibus - para que se encontre uma efetiva forma de identificar e punir os responsáveis pelos episódios que prejudicaram um contingente de usuários de ônibus, assim como evitar que os atos de violência voltem a ocorrer. Além dos significativos danos ao patrimônio, os incidentes envolvendo os ônibus representam prejuízo direto às pessoas, com a fragilização na prestação de um serviço público que deixa de atender a população. Há, ainda, o dano imensurável da sensação de medo que atinge os nossos rodoviários, principalmente, em tão curto espaço de tempo entre os episódios de crime e violência. A ATP clama por ações que possam pôr fim aos ataques, antes que eles virem uma rotina no transporte coletivo de Porto Alegre.