O fenômeno com rajadas de 134 km/h, por volta das 5h de quinta-feira, medido na estação meteorológica do Grupo RBS, no bairro Patronato, foi formado por uma sequência de dezenas de tempestades alinhadas e, por isso, atingiu uma área tão ampla.
- Não descarto novas tempestades desse tipo. Existe o risco de se repetir a partir da noite de domingo até a próxima terça-feira - analisa o pesquisador meteorologista do Grupo de Modelagem Atmosférica (Gruma) da UFSM, Ernani de Lima Nascimento.
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O pesquisador esclarece que as tempestades mais severas, como a registrada na madrugada de quinta-feira, são formadas por três fatores que aparecem juntos: umidade, instabilidade (quando o ar seco e frio, que é mais pesado, fica em cima do ar quente e úmido, que é mais leve) e intensificação do vento (a velocidade vai aumentando de acordo com a altitude).
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Nascimento afirma que não se pode culpar apenas o El Niño pelos últimos acontecimentos. Porém, o fenômeno contribui para aumentar a frequência com que aparecem os fatores que resultam em temporais no Rio Grande do Sul:
- O El Niño afeta as diferentes regiões brasileiras de maneira distinta. Enquanto, no nordeste, o El Niño provoca secas intensas, no Sul do Brasil, contribui para a frequente conjunção de fatores que geram tempestades e fazem a primavera ser bastante chuvosa. Em relação aos ventos, toda a vez que as rajadas superarem a marca de 100 quilômetros por hora resultarão em danos como destelhamentos, quedas de postes e árvores com raízes não tão profundas.
Sequência de estragos na região
Há uma semana, o Rio Grande do Sul enfrenta problemas devido aos temporais. Em muitas cidades, as famílias atingidas pela enxurrada da última quinta-feira, 8 de outubro, ainda não haviam superado as perdas quando o granizo registrado na quarta-feira trouxe mais prejuízos. E, na madrugada de quinta-feira, foi a ventania que deixou um rastro de destruição por onde passou em todo o Estado.
O vendaval deixou cidades inteiras sem energia elétrica. Na área de concessão da AES Sul, mais de 400 mil clientes ficaram sem luz. Já na área da RGE, 104 mil pessoas foram afetadas no Rio Grande do Sul.
No total, 2.665 casas foram danificadas em 14 cidades da Região Central, incluindo Santa Maria. Pelo menos 402 postes caíram e 51.650 metros de lona em rolo foram distribuídos.
Em Santa Maria, as rajadas chegaram a 134 km/h por volta das 5h de quinta-feira. Conforme a Defesa Civil, o estrago foi generalizado. O vento destelhou casas e ginásios, como o do Guarani-Atlântico, onde estavam armazenadas as doações para as famílias atingidas pelo temporal. Na cidade, 30 mil clientes ficaram sem luz.
O temporal também deixou três mortos no Estado. Em Rio Pardo,uma mulher, de 21 anos, e o filho, de 3, morreram após uma árvore cair sobre a casa onde estavam. Em Porto Alegre, um jovem de 21 anos, foi levado pelas águas e caiu em um arroio.