O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria atuado em Guiné Equatorial e Gana em favor da Odebrecht e de outras empreiteiras brasileiras agora investigadas por desvios na Petrobras na Operação Lava-Jato. A revista Época desta semana traz um telegrama reservado do Itamaraty datado de março de 2013 em que a embaixadora do Brasil em Malabo, capital da Guiné, Eliana da Costa e Silva Puglia, diz que "Lula citou, então, telefonema que dera ano passado ao presidente Obiang (da Guiné) sobre a importância de se adjudicar obra de construção do aeroporto de Mongomeyen à empresa Odebrecht". A Andrade Gutierrez também participava da concorrência pelo aeroporto.
Depois de visitar a Guiné, Lula seguiu para Gana, onde se reuniu com o chefe de Estado John Mahama. Mahama pediu apoio do petista para conseguir liberação de US$ 1 bilhão em crédito do BNDES ao país. Na ocasião, segundo telegrama do Itamaraty, Lula disse "acreditar que o BNDES teria condições de acolher a solicitação da parte ganense e, nesse sentido, intercederia junto à presidente Dilma Rousseff". Quatro meses depois o banco de fomento liberou US$ 202 milhões para um consórcio formado por Andrade Gutierrez e Odebrecht para construção de uma rodovia no país africano.
Questionado sobre o assunto, o Instituto Lula informou que vai processar jornalistas da publicação e defendeu a "legalidade e a lisura" da conduta do ex-presidente. Em nota, o Instituto afirmou que a "diplomacia presidencial contribuiu para aumentar as exportações brasileiras de produtos e serviços, que passaram de US$ 50 bilhões para US$ 200 bilhões".
A Odebrecht Infraestrutura disse que mantém uma relação institucional com o ex-presidente e que apresentou proposta para o aeroporto da Guiné Equatorial mas não foi a vencedora da licitação.
Segundo a revista, os documentos do Itamaraty estão sendo analisados pelo Ministério Público Federal em Brasília em ação em que Lula é investigado por tráfico de influência internacional.
* Agência Estado