A Justiça de Três Passos, no noroeste do Estado, negou nesta sexta-feira os pedidos da defesa de Edelvânia Wirganovicz para que ela responda em liberdade à acusação de triplo homicídio contra o menino Bernardo Uglione Boldrini, para que não seja julgada pelo Tribunal do Júri e para que tenha seu processo separado dos demais réus - Leandro Boldrini (pai), Graciele Ugulini (madrasta) e Evandro Wirganovicz (irmão de Edelvânia). Ela está recolhida na Penitenciária de Guaíba, na Região Metropolitana.
"Não há elementos nos autos capazes de ensejar a revogação da prisão preventiva decretada, sendo que a acusada já foi, inclusive, pronunciada pela prática delitiva a ela imputada, considerando que há indícios suficientes da materialidade delitiva e autoria. (...) Sua liberdade incutirá nas testemunhas o receio de prestar declarações em plenário, caso arroladas", assinalou a juíza Sucilene Engler Werle, da 1ª Vara Judicial do Foro do município.
Segundo ela, não há motivos para a cisão (desmembramento) do processo, pois as provas imputadas a Edelvânia e aos demais réus são as mesmas, "sendo que a união do processo e o julgamento conjunto dos acusados evita decisões conflituosas e facilita a apreciação da prova pelo Conselho de Sentença". Ela afirmou ainda que Edelvânia não será solta, pois há risco de fuga para a Argentina.
"A liberdade da ré importará em risco à aplicação da lei penal, na medida em que a repercussão do fato é grande e a acusada poderá empreender fuga, o que é facilitado pela proximidade desta comarca com a fronteira da República da Argentina, conforme asseverado na decisão que decretou a prisão preventiva dos acusados", explicou a magistrada.
Edelvânia relatou à polícia, dias após o sumiço do garoto, em 4 de abril de 2014, que ajudou a madrasta a matar Bernardo e esconder o corpo em um matagal na cidade de Frederico Wespthalen. Em agosto deste ano, o juiz Marcos Luís Agostini definiu que os quatro réus serão julgados pelo Tribunal do Júri.
Na sentença, de 137 páginas, ele considerou que há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria em relação aos acusados. Assim, eles serão julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri, onde os jurados decidirão se são culpados ou inocentes dos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (Leandro e Graciele), triplamente qualificado (Edelvânia) e duplamente qualificado (Evandro), ocultação de cadáver e falsidade ideológica (neste caso, só Leandro Boldrini), conforme a denúncia do Ministério Público.
Mãe de Bernardo relatou ameaças à polícia dias antes de morrer
Bernardo Uglioni Boldrini, de 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Edelvânia admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada.